}UCANON¥}.op   ! ûö’Ä´´PALESTRA CONCEDIDA PELO DIRIGENTE DE SOFALA  ::! A COOPERANTES EM SERVI€O NA CIDADE DA BEIRA  ¾¾! BEIRA  ""! 28 DE NOVEMBRO DE 1984  ññ! SEDE DO COMIT PROVINCIAL DO PARTIDO FRELIMO .pa  "3 Š.foùàØ’Ä´´Marcelino dos Santos p g. # ùàØ’Äûö’ÄAcho que falar da hist¢ria da FRELIMO e uma coisa boa; acho que falar dos Bandidos Armados e uma boa coisa e falar da minha inser‡ao na luta, bom, vale o que vale. Eu  gostaria  que hoje trabalhassemos ate as sete e meia e queria propor que tivessemos um  outro  encontro na quarta feira dia 5. Esse, entao poderia ser mais longo no tempo. Eu queria saber se isso vos convem.  Por exemplo se a gente comeca as cinco e meia, quantas horas podemos ficar, tres horas? Porque  este  problema  dos bandidos armados e muito importante e nos temos que  encontrar  os  caminhos para  acelerar esse combate. Mas todos esses caminhos sao para fazer a revolucao. De modo que  sao  muito importantes.  Por  isso  se nao se importam poderiamos realmente conversar um pouco  sobre  a  hist¢ria  da FRELIMO. Primeiro  ponto. Aqui no nosso pais houve esforcos para liquidar a domina‡ao colonial, esforcos para  criar liberdade  no  pais.  Num  primeiro momento da forma‡ao da reivindica‡ao muita  gente  pensou  que  seria possivel no contexto portugues criar liberdade para os africanos. Se  voces olharem para a hist¢ria de Mocambique como para a hist¢ria de Angola, da Guine-Bissau  e  Sao Tome,  Cabo  Verde e um processo especial, voces hao-de sentir que houve muita  efervescencia  nos  anos '14,  '15, depois da primeira Guerra Mundial e durante os anos '20 houve muita efervescencia, quer  dizer,  a afirma‡ao de certa personalidade nos nossos paises. Foi pelo facto de a Republica se ter instaurado em 1910 e,  naturalmente,  quando chega a Republica ha muitas ideias generosas como a  Revolu‡ao  Francesa  tam bem. E, depois pouco a pouco as coisas se vao decantando. Foi o que sucedeu. Mas  esse entusiasmo ou romantismo revolucionario levou a que muitas manifestacoes tivessem lugar  aqui em  Mocambique como em Angola em particular, mas tambem em Sao Tome e Guine-Bissau. Era  a  gente negra, gente africana que reivindicava os mesmos direitos que os brancos. Aqui  voces ja devem ter ouvido falar de Joao Albasini, Estacio Dias, Antonio Albasini, Rui de  Noronha  e mais  tarde  Karel  Pott  ja era outra coisa muito proximo de nos. Os outros era a  reivindica‡ao  de  ser  por tugues  como  os  outros portugueses. Mas essa consciencia trazida por esses  alguns  que  expresseram  por escrito  nos  jornais  que apareceram: "O Africano" e "O Brado Africano." Essa  consciencia  era  uma  con sciencia que existia em muitos Mocambicanos, aqueles que eram assimilados, aqueles que tinha a cidadania portuguesa.  Eu digo isso porque, por exemplo os mulatos aqui em Mocambique, haviam alguns  que  eram assimilados  mas  muitos deles era cidadaos portugueses; nao tinham direitos  mas  comportavam-se  como tais.  Nao tinham documento de assimilado. Nesses era essa consciencia que havia: reivindicar  os  mesmos direitos. Depois  da  segunda guerra mundial comecam outros, sobretudo, ja nos anos 1950 aparecem  outras  formas mais avancadas de reivindicacao. E, aqui, entao vamos caminhar com o resto da Africa. Em 1950 comecam a aparecer os primeiros paises africanos independentes e aqui aparecem muitas manifes tacoes  de nacionalismo. Nesta cidade da Beira e Maputo formaram-se muitos pequenos grupos para  ver  o que  se  podia  fazer  ja para se ir para a independencia, talvez dizendo assim,  recusar  os  portugueses  para construir outra coisa que naturalmente tinha o nome de Independencia. Muitos grupos se formaram e que se alastraram  na  camada daqueles que tinha ido a escola que eram os professores, que  eram  os  enfermeiros, que  eram  trabalhadores  dos caminhos de ferro, trabalhadores dos portos. Em geral eram  esses  grupos  de enfermeiros,  dos  professores, dos trabalhadores dos portos e dos caminhos de ferro que se  situavam  mais ou  menos  os  elementos que avancavam e que se situavam a frente da busca dos  novos  elementos  para  a liberdade. Exemplos  de compamheiros o proprio camarada Presidente Samora, Felipe Samuel Magaia e  outros  nomes que  voces  conhecem como este Joao Munguambe, Abner Snsao Muthemba, e Mateus  Sansao  Muthemba que morreu qssqssinado em Dar-es-Salaam e muitos outros que viviam aqui e que trabalhavam na clandes tinidade.  Esse  mesmo  Louremco Jose Marra primeiro Secretario da cidade. De modo que  ja  havia  muita  ð73 Šgente aqui que comecou a cavar as estradas do nacionalismo. Ao  mesmo tempo que isso acontecia aqui, varios elementos saiam do pais para a Rodesia, para  o  Malawi. Alguns tambem foram para a Africa do Sul. Mas para fazer esse trabalho nacionalista foram para a  Rodesia do  Sul  e  Malawi. Outro tipo de gente foi para a Tanzania e nao era o mesmo tipo de gente que  foi  para  o Malawi  e  para a Rodesia. Alguns malandros que fugiram daqui por causa dessa situa‡ao  do  colonialismo, alguns  eram  ja  ate um pouco marginais foram para a Rodesia em particular ligaram-se  a  organiza‡ao  de Joshua Nkomo. Os que foram ou estavam na Tanzania e que em geral fizeram este trabalho de  nacionalis mo foram aqueles que ja tinham saido ha muito tempo para o trabalho das plantacoes em particular a plan ta‡ao de sizal. Esses cresceram para o nacionalismo participando em grande parte nas actividades da TANU do  Tanganyika African National Union. Foi ai que eles cresceram para o nacionalismo e mais  tarde  entao, passaram  pelo  Mozambique  Makonde  Association e depois Mozambique Makonde  Union  -  MANU  - Associa‡ao dos Makondes de Mocambique. A caracteristica deste grupo e que saiu de Mocambique com o sentido de que Mocambique era so Makonde ou o maximo Cabo Delgado. A caracteristica desses inicadores do nacionalismo la na Tanzania e e por  isso que quando se organizam tomam o nome de associa‡ao dos macondes e nessa altura era simplesmente  uma organiza‡ao de entre-qjudq mutua. Como e um fenomeno muito natural em varios paises da Africa:  Africa Ocidental, Africa Oriental. Quando muitos elementos da mesma regiao se encontravam criavam este tipo de organizacao.  Por  exemplo,  e  muito  visivel isso num pais  como  Costa  de  Marfim,  Benin  (antigamente Daome) criaram-se essas associacoes de ajuda mutua, um reflexo natural. Portanto, e esta a caracteristica dos elementos que ascenderam ao nacionalismo. Aqueles que ascenderem  o nacionalismo na Rodesia e no Malawi ja tinham uma visao mais larga de Mocambique. Tinham as caracter isticas  de  serem  poucos os que realmente tinham uma base seria. Todos eram meios  marginais  e  alguns, numa  certa  medida  foram para o nacionalismo como uma maneira de utilizar o  nacionalismo  para  viver. Isto foi muito claro nos elementos que se situaram na Rodesia. Os exemplos sao: o Guambe, o Calvino Ma lhaehe,  Fanuel  Malhuza  que  foram  os  iniciadores da  UDENAMO  na  Rodesia.  Outros  como  Baltazar Chagonga  que  ja  na  UNAMI - Uniao Africana Nacional Independente que  se  instalara  no  Malawi  que juntamente com Amos Sumane, a visao destes ja nao era pura, vamos dizer, era regionalista e tribalista mas ja tinham um certo sentido de Mocambique. De modo que naqueles anos 1950 e nos principios de 1960, 1961 houve movimenta‡ao dos  mocambicanos aqui que para alem destes pequenos grupos de 5, 6, 10, 15 que se encontravam e falavam e depois multipli cavam-se ou de maneira deliberada - tu vais organizar outra gente que formara um outro grupo ou entao ao acaso,  por  exemplo,  uma  pessoa que trabalhasse em Maputo depois era tranferida  para  a  Beira  ou  para Nampula e la de novo procurava militantes, grupos de pessoas com quem se encontravam e falavam  dessas coisas. Os grupos iam-se multiplicando. Mas surgiram outros grupos num certo movimento  cooperativista para  a  produ‡ao do algodao e tambem para cria‡ao de gado, como esforco e tentativa para  a  produ‡ao  de arroz  tambem  como  tentativa de fugir ou reduzir a explora‡ao de que erqm sujeitos por  parte  dos  portu gueses.  E  o caso do proprio Lazaro Nkavandame que promoveu um movimento cooperativista  e  por  isso mesmo  ele foi preso e quando saiu da prisao as autoridades coloniais reduziram o numero de  membros  da cooperativa  a  25.  Nao podiam ser mais do que 25 em cada cooperativa. Quando ele foi preso,  se  nao  me engano,  ja  tinham atigindo 500 membros nas cooperativas ali em Cabo Delgado. Outros  movimentos  que se  produziram  foram  a nivel dos portos e Caminhos de Ferro em Maputo. Que  eram  reivindicacoes  eco nomicas  quer  para  reduzir a dimensao da exploracao. Mas entre eles havia tambem  elementos  com  certa consciencia  mais  alem do que a base economica portanto ja politica para a independencia.  Fenomenos  de recusa  da  maneira  de ser e de viver em Mocambique sucederam tambem com os  varredores  das  ruas  na cidade do Maputo. Portanto, havia uma certa efervescencia, quer dizer, havia uma certa movimenta‡ao aqui no pais. Mas essas pessoas  que  estavam  aqui  dentro  do pais e que faziam essa vida  clandestina  nunca  ousaram  lancar  um movimento. Nao tiveram pelo menos ate a forma‡ao dos movimentos la fora. As  pessoas la de fora tinham mais naturalmente influencias externas e mais movimenta‡ao e,  entao  foram  ð73 Šmuito  capazes  de  lancar  movimentos  com  10,  15 pessoas para  lancar  um  movimento.  Foi  o  caso  da UDENAMO (Uniao Democratica Nacional de Mocambique); o caso da UNAMI (Uniao Nacional  Africana de  Mocambique  Independente), no Malawi; os da Tanzania quando lancaram o movimento  nao  eram  em numero de 10 ou 15 as centenas nas plantacoes de sizal. A  qualidade politida co movimento UDENAMO era de longe superior a qualidade do  movimento  MANU (Mozambique  African  National Union), por causa dessa qualidade dos seus membros e  da  visao  politica, como disse, era voltada para a zona de Cabo Delgado e em particular para a Zona dos Macondes. Quando se forma a UDENAMO em 1960 em Bulawayo (Rodesia) e a MANU em Dar-es-Salaam e quando as  noticias chegam aqui, imediatamente comeca a formar-se movimento de nacionalistas.  Daqui  saltaram para  a  Tanzania  porque  esta ascende tambem em Dezembro de  1960  o  "self-government"  como  voces dizem  em  ingles. Mas so no ano seguinte e aue constituiram o primeiro ministro, em  1961.  Voces  sabem que  depois  o  Presidente  Nyerere  ocupa-se do partido depois de eleito  o  primeiro  ministro  Kawawa,  e Nyerere Presidente da Republica apos as eleicoes de Dezembro de 1962. Mas nesse ano 1961, 1962 e o ano que muitos Mocambicanos veem a Tanzania esencialmente atraidos, puxados pela realidade do  movimento que  se criara na Rodesia do Sul que fez trabalho centrando-se muito sobre esta regiao Centro mas  tambem chegou ao Sul. A  UDENAMO  pela  sua propria natureza, vamos dizer, propaganda se quisermos  falar  imediatamente  se situou ja como um movimento nacional Mocambicano. A MANU ficou sempre agarrado a Cabo Delgado; a UNAMI nunca chegou ter personalidade. Foi mais ou menos num objectivo de perspectiva de unidade nacional para evitar a desuniao que a  UNAMI ficou  considerada  no  seu  papel nacionalista. Estes dois agrupamentos  de  Dar-es-Salaam  em  Tanzania ligavam-se  com o Quenia. Estendiam-se as plantacoes de sizal do Quenia particularmente  em  Mombasa, esse era o movimento territorialmente restrito. A UDENAMO na sua propaganda ja tinha uma visao, mas  a consciencia das pessoas ainda nao era sa. Contudo, na sua forma de se exprimir tinha ja uma visao  nacion al. Foi por isso que atraiu muita gente. Entao sairam muitos elementos daqui para a Tanzania. Saiu o Filipe Samuel Magaia, saiu o Silverio Nungo, o  Uria  Simango,  o  Miguel  Murupa,  saiu o Joao Munguambe; o Lopes  Ndelane  Tembe  que  e  o  nosso embaixador  na Republica Popular da China; esses sairam nessa altura e foram para Dar-es-Salaam e  mais alguns que agora nao me recordo. Quando  comecou  o  trabalho  para tentar agrupar todos e fazer uma so  organiza‡ao  entao  apareceram  os grandes  choques  que foi a grande personalidade de Mondlane que conseguiu impor os  elementos  basicos para  a  unidade porque a unidade teve que ser confeccionada no processo da luta, enfim  conseguiu-se  um cimento  inicial.  Mas porque disse e nos todos tinhamos um respeito por ele: "Olhem, eu nao  participo  em nada se nao houver unidade entre a UDENAMO e a MANU. Quando se faz a primeira reuniao em 25 de Junho com todos os elementos que havia ali, o Guambe que  era presidente  da UDENAMO logo abandonou porque nao foi eleito presidente, presidente foi eleito  o  Mond lane e Simango foi eleito Vice-Presidente. O Guambe foi-se logo embora com alguns mais. Mas do  grupo dele  ainda ficaram na direc‡ao da FRELIMO criada em 25 de Junho, quatro elementos da MANU e  outros da UDENAMO. Mondlane na realidade nao entrou em nenhuma dessas organizacoes mas claro, para entrar na sala em 25 de Junho era preciso pertencer-se a uma organizacao. Ele entrou atraves da UDENAMO mas a realidade foi entrar agora e minuto depois entrar na sala para respeitar as formalidades. Portanto,  podemos  dizer  que Mondlane nao era nem da UDENAMO. Mas os  outros  Mocambicanos  que tinham saido de Mocambique: Murrupas, Munguambe, os de Tete todos e estes entraram para a  UDENA MO.  De  modo  que logo de inicio na reuniao de 25 de Junho de 1962 foi decidido que  tres  meses  depois teria  lugar  o  Congresso  e tudo aquilo que eram bens das organizacoes  MANU,  UDENAMO  e  UNAMI pertenceriam a FRELIMO no momento exacto em que se iria realizar o Congresso. Mas na megligencia que caracterizava aqueles elementos dois foram expulsos - eram da MANU - porque tinham levado a  maquina  ð73 Šde escrever e foram vender de modo que so ficaram dois elementos. Quando   se  faz  o  Congresso  a  composi‡ao  e:  Mondlane,  Simango,  David  Mabunda  que  vinham   da UDENAMO  e  eu  proprio que vinha tambem da UDENAMO como Paulo  Gumane,  Joao  Munguambe  e mais  dois  companheiros  da MANU e entrou um tal Leo Milas que saiu com um problema que  ate  hoje  a gente  ainda  nao  conseguiu decifrar. Este tambem vinha pela UDENAMO. Leo Milas  estava  nos  Estados Unidos e nao sabemos como apareceu la na Tanzania. Gumane  e  Mabunda  em  Dezembro  criaram la uma confusao com o Milas e,  eles  os  dois  sao  expulsos juntamente  com  Joao  Munguambe e Joel Guduwane. Este seria posteriormente  treinado  e  depois  voltou para  Mocambique  para  dirigir  esta  parte Sul no processo do  movimento  do  desencadeamento  da  Luta Armada. Foi preso pela PIDE e anos depois foi assassinado pela PIDE ali na Machava. O  que  nos  queriamos  provar de imediato como fundamental e que nos quando vamos  ver  a  direc‡ao  da FRELIMO  nos  principios  de  1963 encontramos a quase totalidade de elementos com  uma  forte  rais  no interior  do  pais  e  todos  aqueles que estavam fora da realidade  nos  movimentos  da  Rodesia,  Malawi  e Tanzania  estavam  fora  da  Direccao. O que nos aueremos aqui declarar e o  seguinte:  e  que  a  quqlidade nacionalista  dos  elementos  que se tinham forjado dentro de Mocambique  quer  dizer,  Joao  Munguambe, Joel  Guduwane,  esses  Magaias  e mesmo o Nungo e o Simango eram uma qualidade  superior  a  estes  de Gumanes,  Mabundas,  Calvino, Malhahehe, de Fanuel Malhuza de Guambe ou dos elementos  da  MANU, porque  auqndo  era necessario afirmar os valores para avancarmos e para o desenvolvimento  da  luta  tudo isso foi rejeitado, aquilo que era essencialmente elemento do exterior. Portanto  na  nossa  primeira conclusao: forma‡ao da FRELIMO foi esta  uniao  da  UDENAMO,  MANU,e UNAMI. Certo, mas essencialmente foi a uniao entre forcas nacionalistas do interior com as forcas  nacion alistas do exterior e foram essas forcas do interior que permitiram logo a seguir a forma‡ao da FRELIMO  e a  sua  expansao  atraves  de  todo  o pais poraue tinha todo  aquele  trabalho  que  vinham  fazendo  aqueles pequenos  grupos  aqui,  pequenos  grupos ali. Tanto os grupos politicos,  como  esses  das  cooperativas,  o trabalho  no corte, etc., ja tinham portanto os seus ninhos aqui. E foi facil para nos FRELIMO  enraizarmo- nos  aqui  no  pais mesmo se a reuniao teve lugar em Dar-es-Salaam e porque  os  elementos  nela  partici pantes e fazendo parte integrante eram os elementos que tinham sido forjados aqui no interior. Esta  conclusao  e  muito  importante  porque depois no processo da luta  nos  ia  servir  de  inspira‡ao  para comprendermos que a qualidade maior e aquela que se cria no terreno. E dai a insistencia que nos  pusemos sempre  durante a luta uma presenca fisica directa nas Zonas Libertadas quer dizer, nas zonas de combate  e hoje  pomos  a  insistencia  na localidade, no Distrito para ir saber quem  somos  nos  exactamente  e  como somos. Portanto,  se nesta fermenta‡ao que se produziu aqui mesmo, se os Mocambicanos do interior nao  tivessem a coragem ou mais porque nao foram atrevidos para lancar um movimento na fase do desenvolvimento  que tinhamos, mesmo os que estavam la fora lancaram o movimento mais por atrevimento do que por conscien cia  clara  do  seu  proprio  desenvolvimento. Estes do interior  eram  nitidamente  mais  fortes  porque  aqui realmente  a pessoa que fazia ax coisas, que se engajava sabia que estava a correr o risco directo e  imediato quer  dizer,  que se avancava para o trabalho era porque ja tinha a consciencia nacionalista.  Uma  forma  de viver  la  fora  em particular na Rodesia no Malawi e tambem na Tanzania,  aquela  consciencia  criada  nos Mocambicanos pela sua propria participa‡ao no movimento da TANU. Depois naturalmente apareceram aqueles que se tornaram chefes de grupo esses ja tinham o seu comporta mento  de  querer utilizar o nacionalismo como uma maneira de viver. O exemplo disso e o  que  imediata mente acontece logo apos a forma‡ao da FRELIMO. Muitos Mocambicanos em Dar-es-Salaam na Tanza nia e em outros lugares da Tanzania deixaram os seus empregos. E  claro, eu e outros companheiros, primeiro nao compreendemos porque vimos de repente as pessoas  fica rem nos escritorios e eles disseram abertamente: "A FRELIMO nos vai dar comida e casa."  ð73 ŠDe  notar  que os Mocambicanos que estavam na Tanzania trabalhavam em diversos lugares, a  maioria  nas plantacoes  de  sizal.  Condicoes de trabalho certamente duras. Certamente que o salaario nao  era  alto  mas tinham  melhores  condicoes  que  em  Mocambique. Mas logo  que  comecou  a  FRELIMO  comecamos  a receber  quotizacoes  de Mocambique, em escudos mocambicanos que recebiamos  regularmente.  O  actual Ministro  da Defesa Alberto Chipande por exemplo, e este, o Inspector do Estado Raimundo Pachinuapa,  o proprio Lazaro Nkavandame andavam ali dentro em Cabo Delgado a quotizar, a angariar fundos que depois mandavam para Dar-es-Salaam. Mas para os MOcambicanos que trabalhavam na Tanzania tudo tinha de ser a dar, nao eram eles a  produzir era  a  FRELIMO  que tinha de dar. Em Tanzania nos tivemos que estabelecer aquilo que em  ingles  se  diz "branches"  (seccoes).  Era em Korogwe, Morogoro, era Lindi, era Mutwara mesmo  em  Nachingweia,  em todos  os  lugares  onde  havia mocambicanos, tinhamos interesse em  estabelecer  certo  controlo  sobre  os mocambicanos.  E  ai quando viemos de branch em branch e quando chegavamos num lugar  sabiamos  que havia  uma  lista  de  pedidos.  Queriam carro; queriam maquina de escrever,  queriam  nao  sei  o  que.  Por exemplo, quando nos chegamos a Korogwe havia ja uma grande lista de coisas que queriam inclusive carro. - Mas para que? perguntavamos nos. - Ah, e porque este "branch" faz trabalho nas plantacoes! respondiam-nos eles. - Muito bem. E qual e a distancia? - Oito milhas. - Oito milhas quanto e que da? Da doze ou maximo treize quilometros e voces precisam de ir de carro? - Sim. - E se nao tiverem carro nao poderao ir de mota? Eles olharam-nos assim... - Sim. - E se nao tiverem mota nao poderao ir de bicicleta? Ja comecavam a ficar atrapalhados. De modo que isto e so para dar a dimensao da compreensao da consciencia da direc‡ao politica que  tinham muitos  Mocambicanos  la no exterior. E este o trabalho que a FRELIMO fez de uma maneira  consciente  e deliberada  aqui apos a sua forma‡ao em 1962 no exterior. Esta gente nao podia ser a forca de choque.  Esta era  consciencia da direccao. Mas eles faziam muito barulho aqui. Mas nem a Tanzania, nem nenhum  outro pais  africano  conhecia o interior de Mocambique. Nenhum de voces conhecia o interior  de  Mocambique, nem  os vossos paises conheciam. Se em 1962 um grupo de malandros se levantasse em  Dar-es-Salaam  a dizer  qualquer  coisa voces iriam acreditar porque e la que estava a FRELIMO. E  era  extraordinariamente dificil  para  nos contrariar esses comportamentos errados. Nos sabiamos que nao  podiamos  nao  tinhamos foras  para contrariar tanto mais que muitos elementos que la estavam na Tanzania tinham muitos  conheci dos  na  direc‡ao  da  Tanzania de modo que nos que vinhamos de dentro e eu que estava  por  ai  a  passear pelas  europas, conheci o Kawawa em 1961; Mondlane conheceu Nyerere antes nas Nacoes Unidas, mas  os outros  que  la  estavam  ja  tinham anos e anos de amizades com  os  tanzanianos.  Se  eles  dissessem,  por exemplo,  "Aquele  ali e mulato, e assimilado e e da PIDE" estava mal. Aconteceram muitas  coisas  dessas. Por  exemplo,  esse  Jacinto Veloso e este Joao Ferreira actualmente ministro da  Agricultura,  voces  sabem que  eles chegaram la de aviao. O Veloso como era piloto pegou no aviao dos portugueses ali em  Nampula saiu  e  veio aterrar em Dar-es-Salaam e sofreu. Foi realmente necessario que alguns de  nos  agissem  para impedir o pior, porque muitos Mocambicanos diziam: "Esse e branco e da PIDE." Mas conseguimos agir  e falar  com os tanzanianos e eles depois foram para Argelia na primeira metade de 1963. Isto para vos  dar  a dimensao  e  ao mesmo tempo para fazer o trabalho contando dom essa mesma gente. O  trabalho  con  essa gente  era  acalma-los  ao maximo possivel sabendo que o trabalho fundamental nao era  com  eles  mas  ao mesmo tempo preparar esse trabalho fundamental. ð73 Š Os primeiros elementos partem para a Argelia para treinar nos primeiros dias de Janeiro de 1963. Durante o ano  de  1963 partem tres grupos para Argelia. Entretanto era preciso fazer face as  reivindicacoes  daqueles que  queriam  isto  e aquilo. Estes eram naturalmente explorados por aqueles elementos  que  nao  quiseram ficar  na  FRELIMO  e se foram embora. Porque depois do Mabunda e  Gumane  sairem  Joao  Munguambe tambem  e  expulso  bem como Joel Guduwane. Mas nos recuperaremos Joel Guduwane  e  o  Munguambe. Porem, Gumane e Mabunda recusaram-se e mais tarde formaram o Coremo no Cairo. Havia  em Dar-es-Salaam uma atmosfera de intriga por causa daquelas circunstancias sociais  e  historicas. Aquilo  que aqueles malandros faziam certamente chegava as vossas terras. O nosso trabalho era reduzir  ao maximo  o efeito desses comportamentos preparando as condicoes para o desencadeamento da Luta  Arma da. Nos  tinhamos  decidido  o desencadeamento da guerra em Julho de 1964. No entanto,  em  Julho  de  1964, houve  uma  grande manifesta‡ao MANU MANU contra a direc‡ao da FRELIMO porque  diziam  que  esta estava  vendida  aos portugueses e por isso nao queria fazer a guerra. Nos ja tinhamos informado  ao  Presi dente Nyerere que a guerra ia comecar no dia 25 de Setembro. Mas houve uma multidao de  Mocambicanos que foram manifestarse junto do Comite de Liberta‡ao da OUA dizendo: "Isto nao presta." Quando  comecou  a  guerra  muitos mocambicanos do interior comecaram a  fugir  para  a  Tanzania  entao aquela  gente que estava fora deixou de ter peso nestes probleas da FRELIMO. Mas durante aquele  ano  ate ao desencadear da luta a ac‡ao consciente e deliberada da FRELIMO fezse tudo rapidamente para o  desen cadear  da Luta Armada. Ate o Presidente Mondlane saia de DaresSalaam e dormia a frente de uma  cantina pondo so uma esteira e dormia em cima para passar a noite. Ele ia a esses lugares todos so porque era preci so  fazer  trabalho  politico.  Nao era gastar tempo, era preciso fazer aquele trabalho, acabar  e  porque  se  o mundo  o  ouvisse  a  falar tomavao como realmente a voz dos mocambicanos. Mas nos  e  que  sabiamos  a verdade  das  coisas porem, fazer com que os outros levassem a nossa verdade nao era facil e,  ao  longo  da nossa  hist¢ria  nos tivemos sempre dificuldade em fazer com que a nossa palavra fosse  sempre  acreditado por  toda a gente ca fora. Era tambem necessario lutar contra a propaganda portuguesa. Entao aquilo aue  os portugueses diziam; aquilo aue os outros malandros diziam, pronto era o que era. Nos diziamos: temos as Zonas Libertadas. Primeiro a no‡ao de Zona Libertada nao e facil para qualquer um de  voces  que esta na Europa. Primeiro porque era preciso ver um lugar libertado;  entendela  sociologica mente  falando,  um lugar onde ha vida, onde ha alimentacao, onde ha producao, onde ha  escolas,  onde  ha hospitais.  Qualquer  um  tinha dificuldades de visualizar, em ter uma imagem fisica concreta do  que  era  a Zona  Libertada.  Esta  foi  uma realidade fundamental e profundamente fecunda  que  nos  criou,  foram  as Zonas Libertadas. Se nos fomos capazes de crescer como homens e como revolucionarios foi por causa  das Zonas Libertadas; foi pelo trabalho de producao, de recriar a vida normal quer dizer, de assumir logo apos o desaparecimento  das  estruturas  portuguesas,  assumimos nos proprios a  constru‡ao  do  novo  estado  em Mocambique. Se nao nos tivessemos engajado no trabalho da produ‡ao e ao mesmo tempo nos engajarmo- nos  no  trabalho  da  guerra,  nao nos teriamos forjado, nao teriamos assumido  o  sentido  da  explora‡ao  e muito  menos  as posicoes contra a exploracao. Quando os portugueses se evaporaram de  Cabo  Delgado  e Niassa a administra‡ao portuguesa limitava-se as cidades. E  agora, o que fazer? Era preciso dirigir aquela populacao, entao comecamos a dirigir-la.  Mesmo  estando em  guerra as populacoes comem, as pessoas vestem, as pessoas vao a escola e precisam de  medicamentos, tratam-se  e  voltam  a ficar doentes. Tudo isso era preciso recriar. Entao fomos fazendo  isso.  O  problema que  se punha era o problema que se punha em qualquer pqis: "nos vamos criar essa riqueza e  essa  riqueza vai  ser  para  quem?" Problemas alimentares que aparecem a todo e qualquer povo e  nos  tivemos  que  dar uma  resposta  e  nos dissemos: "produzimos para nos, nao queremos aqui nada  de  explora‡ao  do  homem pelo homem." Nos  nos  engajamo-nos  nesse  trabalho  e fomo-nos forjando, fomos  formulando  as  realidades  que  nos iamos  vivendo. E para fazer voces acreditar era preciso primeiro fazer sentir, dar essa visao, essa no‡ao  do que  e a Zona Libertada. Mesmo assim tinha de dizer: "vem ca dentro ver." Houve gente que disse  :"o  meu  ð73 Šgovrno  nao me deixa. Vou la dentro e se morrer?" Eu disse: "A sua vida e tao preciosa?" Houve  gente  que nos respondeu assim e continua a falar de nos. E nos dissemos: "Entra la eu vou contigo." Houve  hist¢rias.  Uma vez estava o camarada Presidente com um coronel de um pais qualquer,  num  lugar qualquer,  creio  que  foi em Cabo Delgado. De repente aparece um desses avioes tipo TTA la  no  alto  e  o camarada  Presidente  disse:  "vamos para aqui e ficamos." Mas o nosso  amigo  estava  muito  atrapalhado, tremia e depois pergunta ao camarada Presidente: "Eles estao a ver-nos?" O camarada Presidente ficou  tao zangado e disse assim: "Vai la perguntar a eles!" Estao a ver. Se as pessoas queriam falar da nossa realidade de perto nos pediamos para virem vem-la. De  modo  que isto para dizer que era muito dificil para voces compreenderem porque  naqueles  dois  qnos iniciais  nos  tinhamos  que  realmente  ter em conta da gente que estava  em  Dar-es-Salaam  que  tinha  ja muitos  lacos  com o exterior. A partir do momento em que a guerra foi desencadeada aquela gente  ja  nera problema  para  nos,  porque  a  voz agora era de dentro. Bastava a  gente  dar  um  comunicadozito,  pronto aquilo avancava contra toa a porcaria que la estivesse. Portanto  esta  foi a primeira fase, a fase da forma‡ao que vai de Junho de 1962 a Setembro  de  1964.  Mais um  aspecto  importante  e que nos mandamos formar gente na Argelia, na Uniao Sovietica, na  China  e  na Coreia  do Norte. E o pais que vivia muito fortemente connosco quer dizer, entendia o nosso trabalho e  deu grande apoio foi a Tanzania e Argelia. Tanzania  tem um lugar excepcional em todos os movimentos de libertacao. CReio que nao houve  nenhum movimento  de  liberta‡ao  que nao teve bqse na Tanzania. Ate creio mesmo que os da  Guine  Equatorial  a dado  momento  tiveram  la uma base. Mas qual foi a caracteristica principal da Tanzania?  e  que  todos  os nacionalistas  como tal chegaram a Dar-es-Salaam nenhum era obrigado a trabalhar para  viver  imediata mente. O governo tanzaniano dava comida e cama e, permitindo assim aos Freedom Fighters  (combatentes da Liberdade) de poder fazer trabalho. A Tanzania dava-nos tres xelins por dia com cama, lencol e almofada, com panela para podermos cozinhar. Agora  isso  e  para  a vossa informacao, nao e para publicar na Imprensa. Por  semana  davam  21  xelins  e ainda  sobrava  um  pouco de dinheiro para juntarmos. Esta maneira de entender  da  Tanzania  permaneceu quando  tivemos  o "No Gordio" em 1970 com a ac‡ao de Kaulza de Arriaga. Nos  estavamos  atrapalhados porque era avioes, bombas, buldozeres. Entao, tinhamos primeiro de conceber a maneira de resistir. Segundo, os maios de resistir naquele momento crucial  quando  eles desencadearam a opera‡ao de Maio a Agosto. Nos nos recompusemos.  A  Tanzania  e que  nos  deu um milhao de xelins e ofereceu-nos armamento. Voces viram quando nos  estavamos  aqui  a Tanzania nao tinha nada mas veio aqui trazer dolares, sete mil dolares para dar. Mas a gente vai a  Tanzania e nao ha nada, esta e a outra dimensao da solidariedade tanzaniana. Portanto, para voces saberem a Argelia mqndou dinheiro para nos em Novembro de 1962. Levou-nos  com avioes  para  irmos para a Argelia para irmos treinar, trouxe armas de combate a  Dar-es-Salaam  em  1964 depois de nos treinarmos. Foi  do  MPLA  que  foi dizer na OUA: "Banco de Sangue." E da expressao "Banco de  Sangue"  que  sai  o Comite de Libertacao. e preciso compreender e saber isso quando se trata dessa fase de 1962 a 1964.  Outro aspecto que e preciso conhecer aqui: o papel de Malawi. Tambem isso e para o nosso conhecimento.  gg! ûö’ÄùàØ’Ä25 DE SETEMBRO DE 1964 ùàØ’Äûö’ÄCom  o  desencadear  da  Luta Armada surgem novos problemas e  imediatamente  nova  fase  cujo  aspecto  ð73 Šprincipal e o aparecimento de duas linhas no seio da direc‡ao da FRELIMO. Que naturalmente essas  linhas so se vieram definir com certa clareza em 1967, 1968 e definitivamente em 1969. A  formulacao,  a  teoriza‡ao  da  situa‡ao era ja perfeita, mas foi a partir de 1965  sob  a  ac‡ao  das  nossas forcas  que  a  administra‡ao  portuguesa  se evaporou de varias zonas do nosso  pais  e,  nos  entramos  nao somente  como  forca armada mas tambem como poder politico e administrativo. Entao o problema  que  se pos  a esta terra libertada foi a seguinte: vai ser auma terra capitalista ou uma terra socialista?  Naturalmente nao  pusemos  em  termos  de  capitalismo  ou socialismo, mas  dissemos:  vamos  aceitar  a  explora‡ao  do homem pelo homem ou vamos recusar. Estas questoes pela sua natureza tiveram de ser tratadas pela direc‡ao da FRELIMO em particular a questao do  comercio. Nos comecamos a produzir para a exporta‡ao os seguintes produtos: a castanha de caju;  oleo de ricino; gergelim e peixe seco. Produziamos e vendiamos ca fora e, com esse dinheiro podiamos  comprar algumas  coisas  fundamentais  como: comida, sabao e fora as dadivas que voces nos deram e  as  de  outros paises africanos e de outros lugares do mundo. Ao  mesmo  tempo  nos  dissemos: a nossa popula‡ao trabalha aqui  dentro  de  Mocambique.  Os  produtos tambem serao aqui vendidos. Sentimos que essa coisa do comercio ia ser um grande problema e  decidimos que  nao haveria comercio privado nas Zona Libertadas. Decidimos isso porque ali iriam aparecer  todos  os malandros.  E, em particular demos a palavra ao Nkavandame a responlidade do comercio numa  equipe  de que  fazia parte o Uria Simango, Lourenco Mutaca para organizar uma comissao do comercio  em  Mocam bique. Quem dirigia o trabalho do comercio em Mocambique era o Lazaro Nkavandame. Entao ai e que falhamos completamente porque entregamos a actividade comercial ao homem que iria ser  o maior  candongueiro. Quem fixava os precos era o camarada Manuel dos Santos que e o nosso  embaixador na  Tanzania, que foi o nosso embaixador nas Nacoes Unidas. Mas Lazaro Nkavandame fazia o  seu  preco. Por exemplo, se nos dissemos um metro de tecido custava sete xelins ele vendia meio metro por sete xelins. Em  Mocambique  todo  o  transporte era feito nos ombros e na cabeca. Se tinha  gergelim,  castanha,  era  a popula‡ao  que  transportava ate a fronteira. Aqui naturalmente nos punhamos aquilo em  camioes.  Com  o nosso  dinheiro Lazaro Nkavandame conseguiu comprar um tractor com um atrelado e cobrava  pelo  trans porte.  Ele nao dizia que era dele mas parece que a afirma‡ao era da irma. Maquela altura ele cobrava  cinco xelins pelo transporte de um saco de castanha e nessa epoca o dolar andava por volta de seis a sete xelins. E preciso  dizer que dpois de ele fugir o dinheiro que tinha no banco reverteu para nos. Ele acumulara  muitos xelins  no banco. Mas isso sos para vos dizer que ele explorava la dentro com os produtos que  a  popula‡ao vendia directamente e no transporte que fazia da fronteira ate Mutwara. Os  produtos  que nos vendiamos eram absorvidos pela Tanzania e se nao absorvesse, como,  por  exemplo, no  caso do gergelim que era uma coisa muito querida no Egipto, este pais estava interessado em conprar  o nosso gergelim. Mas  isso  para  vos dizer que ai falhamos no auto da decisao de quem deveria  ocupar-se  por  entregarmos precisamente ao pior elemento a responsabilidade do comercio nas Zonas Libertadas sobretudo na Zona  de Cabo Delgado. Esta e a nova realidade das Zonas Libertadas e e na defini‡ao de como deviam ser construi das que surgem as duas linhas. Uma cujo objectivo na pratica era eliminar os portugueses e substitui-los no processo de explora‡ao e outra era eliminar a sociedade portuguesa e criar uma sociedade sem exploracao. A  primeira  era  representada por Uria Simango, Lazaro Nkavandame, Miguel  Murupa,  Silverio  Nungo  e muitos  outros; a outra era Mondlane, Samora, Chissano, Marcelino, Jorge Rebelo e outros. Aquilo que  nos baptizamos  e  chamamos  de linha revolucionaria da FRELIMO, a primeira das  quais  a  linha  reacionaria. Estas duas linhas nao tem manifestacoes so no campo economico como nos vimos. Para que a materia fique clara  para  todos e na guerra ela propria; e no plano social tambem, nao era so no  politico  economico,  era militar  e  social.  Toda a dificuldade, toda a objeccao, toda a recusa da participa‡ao  da  mulher  vem  deste grupo  reacionario.  Toda  a concep‡ao da guerra que esta fosse feita imediatamente  em  1966  nas  cidades vinha  deste grupo; toda a concep‡ao racista vinha deste grupo para a recusa dos brancos.  Simango  chegou  ð73 Šde fazer em Nachingweia, em 1967, uma reuniao que criou um problema grave. Dizia que isto aqui era terra de  Mocambicanos, de pretos, etc. Ele encontrava-se sozinho com os soldados. Mas evidentemente  que  os outros compqnheiros vieram-nos dizer. Tivemos que fazer uma reuniao muito forte com ele para corrigir  a situacao. O  processo  de  luta  contra  o racismo e um processo longo. Voces sentem isso  aqui  em  1984.  E  preciso constantemente martelar mas basta uma dificuldade :"estao a ver estes brancos." Hoje mesmo aqui, se  fugir um  mocambicano  que  nao  e branco, "e bom fugir", mas se um foge - um branco -  e  vai  para  Portugal, dizem:  "Esta a ver estes brancos, a gente nao pode confiar neles." E verdade ou nao e? Acontece  agora  em 1984.  E assim que a agente reage. Por isso ha certas tendencias negativas que sao caminhos faceis e que  se a gente atica toda a gente vai atras. E preciso muita vigilancia e firmeza ideologica para nao ceder. Quem avancou comportamentos tribalistas foi este grupo. No Comite Central de Outubro de 1966 dissemos: "Nos utilizaremos contra o tribalismo e contra o  racismo as  mesmas armas que estamos a utilizar contra o colonialismo precisamente por causa disto. Dizer  a  todos os  companheiros que isto aqui e racismo nao podemos admitir. Nos compreendemos o nivel  da  popula‡ao que  sempre  viveu abafado pelo colonialismo portugues. Para as populacoes o colonialismo  era  branco,  o opressor era branco. E isto como manifesta‡ao prevalecia no seio da popula‡ao e essas coisas, nao podemos exigir que o nosso povo todo compreenda essas coisas, mas responsaveis nao. Para os responsaveis e isto as mesmas  que  utilizamos contra o colonialismo. Se ha algum que andava com brincadeiras de racismo  e  de tribalismo vai ver, pega com a mesma arma que se luta contra o colonialismo. Voces viram a enfase que foi dada ao papel da mulher na revolu‡ao no Congresso de 1968. Foi um combate duro  para fazer aceitar o Destacamento Feminino. Dizia-se que a mulher nao era capaz. Combate  decisivo dai  a enfase. Vao ver o conjunto das decisoes do Congresso de 1968, enfase que foi dada a esta questao  do Destacamento Feminino e ao papel da mulher na revolucao. Para  esta  ala  da linha revolucionaria esta questao da mulher era para nos uma  questao  natural,  sobretudo muito util. Se cada um de nos traz a mulher cada um de nos vai arrastar a outra metade do pais. Se a mulher nao  vai  tambem tem que ir puxada. E melhor que ela venha ao nosso lado e assim nao somente  a  gente  a puxa  mas  ela  tambem vai carregar a mochila, vai carregar o "sacudu." Quer dizer para  nos  a  materia  era simples,  facil  e  visivel  para as exigencias que era preciso fazer bem como facilitar a vida  o  trabalho  e  o combate,  mas para o resto nao era. Pode dizer-se que era a tradi‡ao mas sobretudo o instinto de defesa  das posicoes  de classe porque era evidente que se tu chamas toda a gente para trabalhar depois eles  vao  querer ditar  as  suas  ideias. Se tu fazes sozinho naturalmente as pessoas nao vao poder dizer ditar  as  suas  ideias. Podemos  dizer  que e tradi‡ao mas e sobretudo instinto da defesa dos interesses de  classe  que  instintiva mente o leva a utilizar os aspectos negativos da tradi‡ao como instrumento para fazer viver a sua posicao. Portanto,  tudo  isso esta muito ligado. Interesses de classe com a utiliza‡ao de valres negativos  da  cultura. Porque  para uns a coisa era natural e para os outros nao era? Sao os interesses de classe. Todos  nos  temos essa mesma tradicao. Os interesses de classe e que determinam que uns recusem o que era negativo,  aquilo que  impedia  o  avanco  e outros antes pelo contrario se agarrassem ainda mais com  forca  a  esses  valores negativos. Foi essa a razao da enfase que foi posta na questao do Destacamento Feminino no Congresso  de 1968.  Aqui  as  contradicoes  vieram todas ao de cima. Elas vieram antes,  exacerberam-se  mais.  Ja  tinha havido muitos problemas porque a explora‡ao a que Lazaro submetia a popula‡ao ja tinha provocado muita reac‡ao  das populacoes e, ao mesmo tempo ele tinha formado aquilo que se chama o grupo  dos  chairman. Nao sei se voces ja ouviram falar disso. Ate 1968 temos ainda que se considerar dois aspectos para termos a visao do que foi a realidade da guerra. Primeiro,  as  consequencias da explora‡ao no processo da guerra realizada pelo grupo do  Lazaro  Nkavan dame. A ac‡ao subversiva deste contra o Exercito; contra aquilo que nos chamavamos de DD (Departamen to  de  Defesa).  E preciso tambem conhecer muito bem isto porque se traduziu naquilo  que  se  chamou  de "chairmen."  Esse  movimento de "chairmen" foi uma insuficiencia da revolu‡ao que e  bem  preciso  com ð73 Špreender para tambem para melhor compreender o que e o processo revolucionario quando a guerra popular e a tarefa principal ou a forma principal de luta. Do  periodo  1968  para  ca tudo comeca a andar em patins de rodas. Os problemas  passam  a  ser  de  outra dimensao. A contradi‡ao deixa de ser uma parte importante internamente para passar com o exterior,  direc tamente.  Quer  dizer,  o  imperialismo em 1969, nas suas forcas internas, tinha  sido  batido  agora  ficara  a ac‡ao externa de Jorge Jardim. Mas este nao esta so, e Bulhosa, bandido armado 1984 e a Africa do Sul. Os agentes  do imperialismo nas Zonas Libertadas estavam completamente batido dai os grandes sucessos  que foram  a  Luta Armada em Tete, depois em Sofala e Manica. Depois verificou-se toda  uma  movimenta‡ao na  Europa para a guerra parar e, tambem em Africa. Vamos portanto falar desses dois aspectos.  Falaremos de  1968  a  1969. Depois vamos entrar no imperialismo que liga agora com 1984.  Eu  disse  Jorge  Jardim, Bulhosa bandido armado 1984 mas ha outros elementos em Portugal que voces leram no jornal. De  modo  que  e  isso companheiros, vamos falar disso para chegarmos ao fim disto saber  qual  e  a  nossa missao,  nossa vossa. Qual e a missao para fazer crescer o socialismo nesta terra? E como vamos fazer  para trabalhar  e liquidar os bandidos armados. Como obter uniformes, sapatilhas, botas? Como e que os  grupos de  apoio  se  devem mover para dar botas e uniformes. Nao se incomodem com as armas sao  botas  e  uni formes.  Vamos ali ao centro do Dondo os soldados que estao a treinar nao tem botas nem uniforme.  Obri gado camaradas vamos nos encontrar no dia 5.  ¯¯! ûö’ÄùàØ’ÄA MARCHA 1969-1970: RUMO A INDEPENDENCIA ùàØ’Äûö’ÄEra  preciso  falar um bocado, antes de iniciar a marcha 1969/1970 ate a independencia de  alguns  aspectos anteriores  mais concretamente aquilo que ficou conhecido entre nos por grupos ou movimento  de  "chair man"  e ac‡ao movida pelo grupo de Lazaro Nkavandame contra o exercito, contra como se dizia na  altura, o  DD  (Departamento da Defesa), para nos vermos estes aspectos e bom recordarmos aquilo  que  dissemos que  a linha reacionaria neste caso a explora‡ao era essencialmente feita atraves do comercio. A  explora‡ao que  era  realizada  por  Lazaro Nkavandame e o seu grupo contra o povo nao e  todo  o  problema  da  linha reacionaria.  e  certo que isso e o aspecto fundamental, quer dizer o objectivo era o de manter  o  sistema  de exploracao.  E  preciso  compreender que esta linha se reflete em todos os aspectos da  vida  e  em  primeiro lugar, naquilo que era a forma principal de luta: a Luta Armada com a sua concep‡ao de guerra  estrategica. Nao se queria uma guerra prolongada, nao. Queriam uma guerra que enfim, durasse o tempo para  satisfazer aquilo  que  se queria. Era uma forma de pressao para levar o governo Portugues a ceder. Nao  se  pretendia uma  guerra  popular que permitisse ao povo tomar o poder, e, para isso que estrategia adoptar? Em  vez  de fazer a guerra no seu processo de desenvolvimento da popula‡ao quer dizer, desenvolver a guerra no  mato, construir as bases do novo estado. E entao o que era preciso fazer? Era preciso ir atacar as cidades ou  vilas, no caso de Cabo Delgado era preciso ir atacar Mueda e, isso nos anos 1966, 1967 e 1968. Portanto  havia  um  determinado objectivo: a constru‡ao de um sistema de explora‡ao em  que  ja  nao  sao neste  caso os brancos, mas os pretos o que implicava tambem em todo o resto da ac‡ao outras maneiras  de fazer  as  coisas:  um sobre a concep‡ao de guerra que se opunha a uma  concep‡ao  de  guerra  prolongada. Uma  estrategia  que  visava  atacar  as  cidades. Era simplesmente  uma  forma  de  pressao  e  recusando  o movimento  popular,  obviamente  tem  de recusar o movimento popular. Era esta linha  que  se  opunha  ao Destacamento Feminino, a recusa da participa‡ao da mulher na tarefa principal que era a Luta Armada e  ao mesmo tempo tambem fazia uma politica tribalista e racista. Isto  para  voces  verem que uma determinada concep‡ao do que devia ser a  independencia  implicava  toda uma  serie  de  outras  posicoes  desses aspectos da vida. Esta era a ideologia  da  linha  reacionaria.  Para  a materializar  Lazaro  Nkavandame utilizou as estruturas que nos proprios criamos para  o  desencadeamento da  Luta  Armada  a  partir  de  1962. Nos criamos seccoes e  naturalmente,  que  atraves  da  lingua  inglesa chamamos  "branches."  Portanto heranca do facto de estarmos na Tanzania. Como cada  "branch"  tem  um chefe  em  ingles  e chairman entao, nos em Mocambique tambem  adoptamos  "chairman."  Levamos  estas  ð73 Šformulacoes  para  Mocambique.  Logo  no  inicio da FRELIMO  criamos  as  seccoes  portanto,  os  nossos "branches"  e  tinham  os seus "chairmen." Foram todas estas estruturas que realizaram todo  o  trabalho  de prepara‡ao  das condicoes para o desencadear da guerra. Fizeram o trabalho de mobiliza‡ao do povo,  fizer am  o trabalho clandestino. Como disse companheiros como Raimundo Pachinuapa, Alberto Chipande  e  o proprio Lazaro estavam la no interior a fazer esse trabalho. Portanto, fizeram esse trabalho de mobiliza‡ao das populacoes dando tarefas concretas, organizar lugar para guardar  as  armas, organizar stoques de comida e naturalmente condicoes quando fosse  necessario  abrigar para  receber os combatentes. Esse trabalho foi feito pelos "branches" e pelos "chairmen." Lazaro  Nkavan dame era entao o responsavel da FRELIMO pela regiao de Cabo Delgado e Nampula. O  trabalho desenvolveu-se muito bem. Desencadeamos a luta e a partir dai quando comecaram a surgir  as Zonas  Libertadas  comecaram  a  aparecer o problema da diferencia‡ao  das  duas  linhas.  Naturalmente,  a no‡ao de duas linhas nao apareceu logo em 1964; so a partir das suas manifestacoes em 1967, 1968 sobre  a realidade. Foi, mais concretamente na reuniao de Abril de 1969 que a linha foi directamente formulada. Portanto,  Lazaro  Nkavandame era o responsavel de toda a regiao de Cabo Delgado e por  isso  mesmo  ele conseguiu um ascendente sobre os outros responsaveis do escalao imediatemente a seguir. Quando  se desencadeia a Luta Armada e no processo do seu crescimento nos dividimos cada Provincia  em sectores:  Primeiro  sector,  segundo  sector,  terceiro sector, e quarto  sector.  Mas  naquela  altura  eram  os "branches" que estavam directamente ligados a Lazaro Nkavandame. Um  processo  crescia no pais dentro da organiza‡ao das massas populares e ao mesmo  tempo  tinhamos  o trabalho  que  se  desenvolvia fora, esencialmente de forma‡ao de quadros  militares  dos  guerrilheiros  que enviavamos  para  a  Argelia,  para  a Uniao Sovietica e para a China.  Quando  nos  desencadeamos  a  luta, imediatamente  a  forma  principal  de luta passou a ser a Luta Armada. E em  qualquer  fenomeno  a  forma principal  de  ac‡ao comandava o resto, entao a luta comecou a comandar todo o resto, o que  significa  isso na  pratica?  Significa que muitos problemas que se levantavam por causa de uma nova situacao, a  da  Luta Armada,  a  resposta em primeiro lugar quem dava? Quem dava era o Departamento de Defesa  (DD),  eram os gueirrilheiros que davam. Desencadeou-se  a Luta Armada, entao tudo devia converger para o sucesso da Luta Armada. As  accoes  a fazer,  qual era o programa de amanha e depois de amanha. Estava nas maos de quem, na cabeca  de  quem? As  medidas para tornar a guerra vitoriosa, quer dizer, onde construir as casas, quem podia indicar  eram  os guerrilheiros.  Onde fazer as machambas e como organiza-las, onde construir o hospital a resposta  era  dos guerrilheiros. O que se produziu na pratica? Dois  poderes, o daqueles que estavam la que eram os "branches" que fizeram todas as coisas,  mobilizaram o  povo,  criaram  as  condicoes para a guerra, organizaram os stoques de comida,  arranjaram  o  lugar  para guardar  as  armas e criaram toda a atmosfera para o povo receber os guerrilheiros. E o novo poder  de  uma nova  realidade  , novas ideias trazidas pelos guerrilheiros, provocadaz por estes ao comecarem a  dar  tiros. Comecaram  a matar portugueses. Era uma situa‡ao que nunca tinha sido vivida, portanto, nunca tinha  sido objecto de reflexao por parte dos "chairmen." Para  terem  uma  resposta as populacoes ja nao contactavam os "chairmen", iam  perguntar  aos  camaradas guerrilheiros.  Objectivamente,  o conhecimento e a ciencia, o caminho a continuar era o  dos  guerrilheiros. Eles  e  que  estavam na ac‡ao principal. Os que estavam nos "branches" como nao faziam  a  guerra,  como nao tinham treinado, entao eles nao estavam em condicoes de dominar os problemas de guerra. Comecou  a haver  problemas. Nao puderam resolver pacificamente porque o elemento explora‡ao interveio, quer  dizer os  objectivos  ja  nao  eram os mesmos. A pqrtir do momento que comecamos a  ter  Zonas  Libertadas,  os objectivos  da guerra eram uns e os objectivos de Lazaro eram outros. Ja naquela altura Lazaro  tinha  inter esse  em que houvesse uma concerta‡ao para as novas tarefas a realizar. Ele como responsavel utilizou  essa  ð73 Šposi‡ao  para  o  seu  fim que era a exploracao. Nos entanto que direc‡ao da FRELIMO  deos  conta  do  fe nomeno e e por isso que na reuniao do Comite Central de 1966 decidimos que todos os membros da direc ‡ao  dos  "branches" tinham que imediatamente fazer o servico militar. Demos conta do  fenomeno,  mas  ja era  tarde. A contradi‡ao ja tinha pegado, precisamente no ano de 1966 quando nos sentimos grandes  prob lemas,  grandes  dificuldades  que  se  traduziam de uma forma muito  simples:  o  povo  recusava-se  a  dar domida aos soldados. Esta situa‡ao apareceu de maneira que nao compreendiamos objectivamente. O  povo nao dava comida. O que se passava? Entao conseguimos aqui e ali uma vez duas vezes - e Lazaro que disse para  nao  dar - entao comecamos a compreender e detectamos todos os problemas de  explora‡ao  sobre  a forma  comercial.  Nesta ac‡ao de Lazaro Nkavandame continha nela proprio e pela forca  a  revolu‡ao  que provocou a sua propria queda. Por  que  o  povo  aderiu nesta primeira fase, pelo menos durante os primeiros seis  meses,  porque  nao  foi avante? Porque nesse mesmo momento e que se fazia essa ac‡ao subversiva de Lazaro Nkavandame  mobil izar o povo contra o DD para recusar a ac‡ao principal, recusou dar comida e fazia isso atraves dos  "chair men." Isto falhou porque ia paralelamente com a explora‡ao do povo. Nos tinhamos afixados os precos  dos produtos  que se vendiqm nas nossas lojas. Mas a popula‡ao que tambem conhecia os prec,os via  na  pratica outros  precos  comecou finalmente a ligar esses precos dos exploradores com o Lazaro  Nkavandame.  E  e assim que a partir de Fevereiro de 1967 Lazaro Nkavandame nao poe os pes na Provincia de Cabo Delgado, porque  nessa altura o povo comecou a pedir-nos: -"Nos queremos falar com Lazaro Nkavandame."  Numa reuniao  com  o camarada Presidente eles pediram: "Diga la ao Lazaro Nkavandame para vir  aqui  que  nos queremos conversar com ele." A linha revolucionaria e que levou a falha de Lazaro Nkavandame e derrotou a linha reacionaria, porque o proprio povo viu que houve essa ac‡ao reacionaria contra a ac‡ao militar. Havia  necessidade  de  vender  e comprar coisas. Houve uma maneira popular  de  fazer  isso,  afixando  os precos  dos produtos e dizer a toda a gente, estao aqui os produtos, estao aqui as lojas. De um lado  o  preco que pedia Lazaro Nkavandame e por outro lado o poder da FRELIMO. Por isso nao foi nada dificil a clarif ica‡ao da situacao. Portanto este era o primeiro ponto. Segundo, o fenomeno do "chairman" como dissemos, foi um  fenomeno do  desenvolvimento da nossa luta. Se nos tivessemos uma maior clareza na altura provavelmente  teriamos logo  em 1962 levado os "chairmen" a treinar e eles proprios teriam participado direitamente nas  coisas  da guerra mas, porque nao o fizeram, quando a frente militar avancou eles ficaram uma coisa a parte. A popu la‡ao naturalmente foi regularmente treinada em 1962, 1963, 1964, 1965. Os dirigentes dos "branches"  nao foram  para  o  treino  militar,  ficaram fora das coisas da guerra e por  isso  nao  puderam  dar  resposta  aos problemas  da guerra e porque todos os problemas de Mocambique eram em primeiro lugar, o problema  da guerra  eles  perderam  a  capacidade de dar resposta aos problemas da  luta  de  libertacao.  Introduzindo  o elemento  explora‡ao  esses  elementos facilmente cairam no problema: "quem manda  quem  nao  manda?" Embora  gente  como  o  Alberto Chipande nunca fez nada sem falar com os "chairmen"  das  coisas  que  ia fazer;  mas o problema e que os "chairmen" ja nao estavam na altura, como se diz, de agarrar os  problemas que  estavam  sendo vividos. Era uma realidade completamente nova. Para "agarrar"  esses  problemas  eles teriam  que  passar  pelo  processo do treino militar e politico para depois, entao  com  a  pratica  da  propria guerra descerem. Portanto esses sao os dois aspectos principais que nos queriamos referir que vao ate 1969. Com  esta situacao, Lazaro Nkavandame e o seu grupo insistiram muito em que o Congresso da  FRELIMO tivesse lugar. Com muita franqueza nos podemos dizer que nao tinhamos muita preocupa‡ao no  Congresso porque as coisas estavam a avancar e nos ainda tinhamos as directrizes do I Congresso. Segundo, e que  nos estavamos  conscientes  de  ja  nao  fazer  sentido  politicamente  falando  de  realizar  o  congresso  fora  de Mocambique.  Se  fizermos  o Congresso tinha de ser dentro de Mocambique para termos  o  sentimento  de que  as coisas tinham validade, quer dizer podiamos dar-nos ao luxo de fazer o congresso fora de  Mocam bique. Mas sabiamos tambem a dificuldade de um congresso dentro de Mocambique, por isso nao  estava mos  muito  favoraveis  a  realiza‡ao do congresso. Mas por outro lado,  o  grupo  de  Nkavandame  insistiu muito  e  forcou mesmo que o congresso tivesse lugar mas a preocupa‡ao dele era que  o  congresso  tivesse lugar fora de Mocambique. Qual era a ideia que ele tinha de o fazer fora? Se fizesse fora eles seriam  apoia dos  pela  Tanzania  e esses Mondlanes e companhia seriam varridos. Nos sabiamos que  eles  nao  estavam totalmente  errados;  de toda a maneira nao temiamos nada, porque se tivesssemos dificuldades  de  esta  na  ð73 ŠTanzania,  entravamos  em Mocambique e acabou-se a hist¢ria, nao havia problemas. Mas e claro  que  nos tinhamos interesse em ter uma retaguarda segura que era a Tanzania. Mas eles nao estavam  completamente errados  porque  havia alguns elementos que estavam com eles e muito dentro deles. Nos  sabiamos  isso,  e tinhamos  um certo pressentimento na altura (Marco, Abril, e Maio de 1968), e na base desse  sentimento  e quando  vimos que era muito dificil, porque eles faziam muito barulho e falavam com muitos  responsaveis Tanzanianos. Como vos expliquei naquele periodo de 1962 a 1964 o peso do exterior sobre nos nao morreu com  o desencadeamento da Luta Armada, simplesmente foi diminuindo mas o facto e que era  muito  forte. Entao, nos dissemos: sim, vamos fazer o congresso. Mas tomamos a decisao de falar com o Primeiro Minis tro Kawawa, dissemos-lhe: - Olhe, nos queremos fazer o congresso aqui. Ele disse: -  A Tanzania da todo o apoio a realiza‡ao do congresso. Se voces quiserem fazer aqui facam,  se  quiserem fazer noutro pais qualquer facam onde voces quiserem. O Presidente Mondlane disse em resposta: - Ah, nos queremos fazer dentro de Mocambique. - Oh, se voces querem fazer dentro de Mocambique nos vamos aplaudir muito bem. Damos todo o apoio. Era  isso que nos queriamos. Congresso dentro de Mocambique queria dizer que ja nao havia  possibilidade de Lazaro Nkavandame manobrar o governo da Tanzania para o congresso fora de Mocambique. Ja  tinha mos esse trunfo o resto era so jogar. Naturalmente,  quanto  a organizacao, foi bastante dura. Nos tinhamos de assegurar que  ficaria  nas  nossas maos.  Nao  estamos  a fazer banquete. Tinhamos que assegurar o controlo da  realiza‡ao  do  congresso  no interior; toda a seguranca sobre o congresso, lugar, etc. nos tinhamos de controlar. Nao o faziamos  illegal mente, faziamos porque eramos a direc‡ao da FRELIMO, saber tomar as precaucoes portanto, a localiza‡ao do congresso como a materia de seguranca. Ao mesmo tempo o grupo de Nkavandame organizava-se mas nos recusavamos-nos. Lazaro  Nkavandame tinha  decidido  nao  participar,  os  outros tambem recusavam. Voces  sabem,  o  congresso  teve  lugar  em Matchedje  em  Niassa,  em  Julho. Nos descemos de Dar-es-Salaam de  carro  e  muito  naturalmente  sem outro  pensamento  dissemos  vamos buscar Lazaro Nkavandame em Mtwara e dali vamos  para  Songeia  e daqui  vamos para o lugar do congresso. Toda a gente estava instruida para ir ter a Songeia; Lazaro nao  nos esperava  em  Songeia. Quando la chegamos dissemos: "Ah, vamos embora." Nos nao nos demos  conta  so dias  depois e que nos demos conta. Ele ficou completamente desnorteado, mas nao tinha maneira  de  dizer "nao, nao vou." Entao entrou no carro connosco e foi a Mtwara. Ai comecamos a receber mensagens:  "Nao devem  forcar  Nkavandame  a ir para dentro de Mocambique, se ele nao quer ir facam o favor  de  o  deixar ai." Se  voces  quiserem  falar com o Basil Davidson, ele tem todo o dossier sobre isso. Ele foi  ao  congresso  e estava  em  Songeia.  Simango nao conseguiu recusar, foi. Mas Lazaro Nkavandame  nao  nos  foi  possivel leva-lo  para  o  congresso por causa de algumas ligacoes tanzanianas. E claro que  esses  elementos  foram varridos no ano de 1969. O Presidente Nyerere varreu-os. Portanto  fomos ao congresso e este foi a reafirma‡ao da guerra popular prolongada; reafirma‡ao do  Desta camento  Feminino;  reafirma‡ao  da politica de clemencia, portanto saber como tratar o inimigo  e  sobre  o problema do tribalismo, do colonialismo do regionalismo e do racismo. Esse foi o congresso de 1968.  Mas a enfase foi posta naturalmente sobre este aspecto da guerra popular prolongada e da importancia do Desta camento Feminino. Quando  terminou  o  congresso  encontramos  uma  situa‡ao ca fora.  A  fronteira  de  Mocambique  com  a Tanzania  estava fechada ate Agosto de 1968. Fizemos a reuniao de Mtwara de 7 a 9. Lazaro queria  separar  ð73 ŠCabo Delgado do resto do pais. Nos tomamos as nossas precaucoes, fizemos trabalho e dissemos ao  Presi dente  Nyerere  que  queriamos  um delegado da TANU para la estar em  Mtwara.  Fomos  e  triunfamos  na reuniao  de  Mtwara;  entao  Lazaro Nkavandame desencadeou a ac‡ao de assassinios  com  ajuda  das  suas milicias. Andaram por ai e foi um desses grupos que assassinou o Khankomba a 28 de Dezembro de 1968 a dois quilometros da fronteira. Eles andavam a procura tambem com o curandeirismo, a maneira africana  de fazer a zanga. E  finalmente  em Maio eles fizeram aquela ac‡ao contra os escritorios da FRELIMO  e  agrediram  Mateus Sansao Muthemba que ficou um mes de coma e morreu em Junho e, finalmente, a bomba contida num livro que  o grupo deles recebeu em Mbeya e trouxe ate Dar-es-Salaam. Isto tudo esta muito claro e quem  foi  a pessoa que, portanto, assassinou o Presidente Mondlane. Foi naturalmente um grande desastre; e como se o mundo  se  tivesse  virado ao contrario. Foram momentos bastante dificieis mas tambem  um  momento  em que  era  necessario  reagrupar-nos  e foi possivel fazer isso e, chegamos a reuniao  de  Abril  de  1969.  Ali tivemos  que  clarificar a situacao. A analise foi profunda e completa. Ali chamamos gato a um gato,  ‡ao  a um cao, nao havia contemplacao. Por isso foi produzido um documento - As duas linhas no seio da  direc ‡ao  da FRELIMO - e criamos aquilo aue era o Conselho da Presidencia. Foram eleitos o  camarada  Presi dente  Samora, Uria Simango e eu proprio e nos dissemos certamente assim: "que punhamos la  o  Simango mas  que  ao  lado dele estava Samora e Marcelino porque estamos seguros que Marcelino  e  Samora  iriam assegurar  a  defesa  da  linha revolucionaria. Dissemos ao Uria Simango para ficar bem  claro  que  a  unica razao que nos levou na altura a mante-lo foi a de precisarmos testat exactamente qual era o grau de credibi lidade que ele tinha no nosso povo e nao no seio dos guerilheiros. Ai nao havia problemas nenhuns. Segun do,  quais  eram os aliados que eles tinham no exterior. O esterior tambem desempenhava um  papel  impor tante e foi por isso que mantivemos Simango. Noutro  dia,  em  Nachingweia depois da reuniao do Comite Central quando  anunciamos  quem  tinha  sido eleito,  houve  muito  alegria  para Samora e para mim proprio, mas para o  Simango  silencio  no  seio  dos guerilheiros  ate  que  perguntamos,  porque?  E preciso  saber  fazer  trabalho  politico.  Ninguem  aplaudiu Simango ali em Nachingweia. Nos dissemos: okay, as coisas vao bem. Comecamos a ver, no exterior, umas forcas a moverem-se. Apertado, Simango produziu o documento  dele - Gloomy Situation in FRELIMO - (triste situa‡ao no seio da FRELIMO), e isso mais ou menos. Tres  de  Novembro  de 1969. Entao ali nos resolvemos o problema. Ainda houve uma  reuniao  do  Comite Central  de Liberta,ao em Janeiro em Arusha. Simango este la, mas o Comite de Liberta‡ao po-lo de  parte. Ja  tinhamos  tido o congresso de 1968 e a credibilidade no exterior da Direc‡ao da FRELIMO  ficou  forte, quer  dizer,  as  pessoas  de  Mondlane,  Samora e eu ficou uma coisa  clara  ja  nao  havia  aquelas  intrigas, aqueles  boatos por isto e por aquilo. De modo que em Novembro de 1969 Simango faz o seu docuemnto  e depois  com  a  reuniao  do Comite de Liberta‡ao aquilo foi o fim para o Simango. Em  Maio  nos  temos  a nossa reuniao do Comite Central, de novo as presidenciais, Samora e eleito para Presidente eu proprio  para Vice-Presidente. E a partir desse momento que nos dissemos: "Agora  estamos  internamente saos, agora podemos concentrar todo o nosso esforco no  combate  contra  o colonialismo." Face a nos ja so estava o colonial fascismo. Os seis agentes internos tinham sido  completa mente liquidados. A direc‡ao da FRELIMO era monolitica, coesa, unida mas por causa de todas as  dificul dades  que vivemos o inimigo tinha-se preparado para desfechar o golpe. E precisamente no  momento  em que nos aparecemos firmes e fortes que ele desencadeia a grande opera‡ao "No Gordio." A  opera‡ao  "No  Gordio"  foi  em  principio, dura para nos  mas  depois  ultrapassamos  e  atravessamos  o Zambeze na Provincia de Tete para o Sul no momento em que decorria a opera‡ao "No Gordio",  chegamos l'a a fronteira com a Rodesia, criamos as condicoes para que os nossos companheiros do Zimbabwe  agirem directamente no seu proprio territorio. Mas a partir desse momento, a Africa do Sul ja se tinha  desenvolvi do  no seu processo de cobertura de Portugal em Mocambique. A defini‡ao de posicoes nao era  objectiva mente falando do dominio dos portugueses. Ja era claro que o inimigo sentia e reagia a orienta‡ao revoluci onaria  da  FRELIMO. A Africa do Sul apresentava-se como um grande bastiao. Primeiro, queria  que  nao descessemos  ao Zambeze depois tentara ver outras hipoteses como fechar a partir do Limpopo mas  isso  ja  ð73 Šnao  dava. Entao apareceu Jorge Jardim com orienta‡ao de criar, atraves de gente que vinha  falar  connosco ele dizia: - Ah, voces la de fora. Mas aqui dentro, perguntavamos a eles, - nos quem? - Quer  dizer,  tentava  provar uma identifica‡ao entre a FRELIMO e as forcas deles como  sendo  forcas  na cionalistas. A base dele era aqui em Sofala. - Nos e voces, voces quem? Ele  queria  fazer aqui a Rodesia, o UDI mas e claro que isso nao deu, falhou, tinha de falhar. E  e  precisa mente  nesse  momento que tentam toda a ac‡ao de Ian Smith ver se conseguem algum  sucesso  na  propria Provincia de Tete mas nao conseguiram. Rodesia agiu ali. Nessa altura, a marcha estava bastante rapida e bastante acelarada. Foram esses desenvolvimentos rapidos e acelerados  que  levara o desagregar do Exercito Colonial Fascista portugues e ao aparecimento  do  Movi mento das Forcas Armadas dos oficiais portugueses. Porque aqui tudo se quebrava. Ja nao havia base  soli da. Essas grandes accoes realizadas pelo nosso Exercito colonial portuges. O proprio facto de que os filhos  dos grandes  interessados na guerra ja se recusavam, escapavam-se a guerra. De modo que os oficiais  que  iam para  a guerra eram aqueles liberais. Os filhos dos grandes recusavam, entao, eles proprios pela sua  propria dinamica  e logica interna sepultaram as bases para poderem desenvolver-se e isso contribuiu para o  desa gregar  do colonialismo portugues mas permanece que a grande li‡ao que os oficiais portugueses foi toda  a politica  materializada  pela  FRELIMO;  pelo MPLA e pelo PAIGC. O trabalho, a  politica  levado  a  cabo pelas  nossas  organizacoes  e  que  serviu de educa‡ao politica para  os  oficiais  portugueses.  Os  sucessos obtidos  por  nos  e  que levou a compreender, a ligar a nossa politica com a  realidade  concreta  para  fazer sentir que nao havia outra solu‡ao senao a liquida‡ao do proprio fascismo em Portugal. Portanto no que diz respeito  ao  processo de crescimento da revolu‡ao Mocambicana o processo de 1970 a 1974,  1975  ja  nao tem  muitas  complicacoes,  quer  dizer, ja tinhamos resolvido o probelma da  revolucao.  O  resto  era  mais armas menos armas, crescer militarmente. Em  1970  o  grande desenvolvimento da luta armada e nos nao pensavamos que as  coisas  iriam  parar  em 1974.  Os  nossos  projectos  iam para alem de 1974. Bom, mas parou a guerra  de  modo  que  chegamos  a independencia.  E esta a hist¢ria, os acontecimentos, os aspectos principais, o significado dos  acontecimen tos da nossa luta armada de liberta‡ao nacional. Sao estes os aspectos de fundo. Depois,  nos tinhamos tres aspectos que falar sobre: a realidade da luta contra os Bandos  Armados;  tinha mos esta nossa hist¢ria e tinhamos depois eu dentro de tudo isto, nao e verdade? Agora  voces  hao-de-querer  fazer umas perguntas e eu vou passar a segunda parte do  trabalho  contra  os Bandidos Armados que e uma continuacao, como dissemos outro dia ligamos Jardim com Bulhosa.  Portan to aqueles que nao foram capazes de suportar a independencia de Mocambique fariam qualquer coisa. Esses fugiram para Africa do Sul, foram a Portugal, foram para o Brasil e foram para varios lugares mas nao  para desistir do combate mas para se reogarnizarem. Ficaram um pouco de tempo para ver se esta independencia seria  aquele  que  eles pensavam que ia ser ou seria diferente entao e todo o periodo que  vai  do  fecho  das relacoes  com  a Rodesia que eles comecam a construir planos para ver como recuperar  aquilo  que  tinham perdido  no  terreno  da  guerra.  Fizeram todo o trabalho depois de todo  o  colonialismo  portuges  ter  sido liquidado  aqui. Entao a ac‡ao fizeram atraves da Rodesia de Ian Smith. A nossa preocupa‡ao foi de  apoiar ao  maximo  o  movimento  Zimbabweano e fizemo-lo. Ian Smith foi derrotado.  Mas  no  processo  da  sua derrota ciraram outros mecanismos para continuar a agressao contra Mocambique. Penso que todos voces sabem que os Bandidos Armados foram criados ja no tempo de Ian Smith quer dizer  ð73 Šesta  nova  forma  de  agressao foi ensaiada no tmepo de Ian Smith. Nos diziamos que  isso  esta  dentro  da logica  do  inimigo. O inimigo vai sempre produrando novas formas de agir, novas formas  de  agressao.  O inimigo esta a fazer o trabalho dele. Bom, e o trabalho dele. E a realidade objectiva historicamente  falando, e que ha o imperialismo, e que ha inimigo da revolu‡ao de modo que e a realidade objectiva. Que o inimigo faca  o  seu  trabalho, o que nos deve espantar? O nosso valor e a nossa qualidade e esta  nao  se  mede  pela nossa  capacidade de gritar: "ah, ladrao, ladrao, ladrao!" Nao e isso ou "Bandido, Bandido!" O  nosso  valor nao  se  mede atraves disso, a nossa qualidade nao se mede atraves disso, mas na capacidade  de  liquidar  o Bandido Armado, ai e que se mede a nossa qualidade. Portanto,  quanto  ao  trabalho do inimigo o maximo que poderiamos dizer e que talvez  o  que  pudessemos considerar  anormal e que o imperialismo existe em 1984. Bom. Mas o facto e que existe! E  uma  realidade historica  e  a nossa responsabilidade e liauidar o imperialismo. Por isso o inimigo  inventou  novas  formas para  prosseguir o seu trabalho de agressao a Mocambique. Era preciso fazer curvar a Republica Popular  de Mocambique. No processo da luta do Zimbabwe os americanos, mesmo o Andrew Young disse: "Nao vamos aceitar  men mais Mocambiques nem mais Angolas, nao queremos." E isso referente ao Zimbabwe. Cada  um  diz o que quer e o que pode, depois tem que saber fazer, saber  materializar.  Voces  lembram-se que o Kissinger disse: "Nos vamos inundar o Zimbabwe com bilioes de dolares. Bom. Podem inundar, esse e  o  problema  deles.  O que nos temos que fazer e continuar a revolucao. Mas e  um  facto  que  estamos  a combater ate 1974, julgavamos que ja estava a chegar o tempo de paz depois comeca com Ian Smith fazen do guerra. Quando acaba o Ian Smith, a gente disse: "Oh, sim. Agora ja chegou a paz. Zimbabwe  indepen dente agora vamos ter paz." Mas ainda nao era tempo de paz. E por isso nos organizamos, criamos forcas de estado independente  como se  diz,  nao  e?  Mas  nao soubemos levar o processo revolucianario ate  o  fim.  Faltou-nos  a  organiza‡ao militar  do povo, extensiva. Voces ja devem ter ouvido em entrevistas alguns companheiros a dizer que  nos fizemos tudo bem, tinhamos as aldeias comunais mas esquecemo-nos do treino militar. Quando  os Bandidos Armados chegavam as cinco e as seis faziam barulho com a arma e pumba! Ai  e  que falhamos companheiros. E em hist¢ria e preciso saber pagar os erros, falhas ou insuficiencias, como quiser em, mas isso e que falhamos. Voces  sabem  que  a curva de desenvolvimento em 1980, 1981 estava  bastante  positiva  mas  esquecemos disto.  Mas  agora nao nos esqueceremos ate ao ano 2000, 2050, enquanto houver  imperialismo  nos  nunca mais vamos esquecer. Portanto  o  trabalho  da luta contra os Bandidos Armados e o trabalho de organizar todo o  povo  politica  e militarmente.  E preciso armas porque tres ou quatro bandidos sao capazes de por um explosivo na linha  de alta  tensao  e  rebentar e fica a Beira sem luz. Agora como fazer isso? Vao por o  exercito  ai?  Organizar  a popula‡ao  toda do Rovuma ao Maputo. Toda a gente com arma e vigilancia permanente 24 horas sobre  24 horas e a unica maneira de a gente sobreviver. Penso  que  voces  sobre Cuba devem ter visto filmes. E preciso quando a gente diz  que  e  preciso  pentear andar  no mato se encontra mosca mata, se encontra rato mata, se encontra bandido armado mata. E  preciso fazer  isso. Muitos companheiros disseram-nos: "ah, voces tinham aldeias comunais mas  esqueceram-se... agora nao nos vamos esquecer mais. Qual o significado politico mesmo com implicacoes sociologicas? Em  1970  nos  dissemos levar as contradicoes internas ao maximo. Foi a clarifica‡ao  da  confrontacao.  Os dados  estavam abertos sobre a mesa. Fazer este mesmo trabalho para promovermos o  desenvolvimento  da nossa revolucao, temos que desenvolver simultaneamente varios valores.  ð73 ŠPrimeiro, e o valor Na‡ao e o valor Patria, o processo de organiza‡ao da popula‡ao e por um lado o  trabal ho  militar  por outro lado. O trabalho de produ‡ao de uma riqueza maior, quer dizer elevar o nivel  de  vida da populacao, leva-la a deixar a ideia geral de que eu preciso comer, preciso um pouco de roupa. Leva-la a dizer:  "eu  preciso  comer  mais  e melhor, eu preciso vestir mais e melhor,  eu  preciso  escola,  eu  preciso estudar,  levar  este  crescimento  deste nivel material a raiz de um processo de  cada  vez  mais  apurado  de riqueza  juntamente  com  o trabalho militar sao as accoes necessarias para nos consolidamos  o  sentido  da Na‡ao  e  o sentido da Patria. Dentro disto apareceu o problema da formula‡ao correcta deste  processo  que estao  contidas nas consideracoes do iv Congresso e que nos leva a ver como e que os diversos  aspectos  se ligam. Ao fim e ao cabo sao os caminhos naturais para o nosso crescimento. Voces  sentiram a forca, a enfase que foi dada por um lado ao sector familiar e por outro lado aos  pequenos projectos.  Nos  tinhamos  dado  grande enfase ao desenvolvimento das  Aldeas  comunais,  como  sabem  a no‡ao das aldeias comunais nasce do Rovua ao Maputo ja como uma perspectiva‡ao da nossa  independen cia.  Era  preciso  fazer  crescer as cidades do Maputo, as bases os alicerces e  os  fundamentos  das  cidades seriam  precisamente  as  aldeias  comunais.  Aldeias comunais para fazer  nascer  as  cidades  do  mato  sao formulacoes  que  aparecem  na  viagem do camarada presidente Samora de 24 de Maio a  23  de  Junho  de 1975, do Rovuma ao Maputo. Entretanto  voces viram a enfase que fazemos no sector familiar e nos pequenos projectos. Nao eram  coisas novas  mas foi necessario fazer subir a superficie com mais contundencia. Agora liguem estes factos com  a maneira  como  a  guerra  de liberta‡ao se fez no nosso pais. Porque e que comecamos a  fazer  a  guerra  no mato,  porque  nao  fomos comecar na cidade? E preciso ligar todos esses factos e essa maneira  de  olhar  a realidade e interferir nessa realidade e dita a sua evolucao. E  que  se  nos fomos para o mato, alguns poderao dizer: "ah, voces seguiram Mao  Tse  Tung,  porque  nao foram com Lenine para as cidades? O problema e a dificuldade e que nos seguimos o nosso caminho e e dificil de explicar que nao seguimos os caminhos  dos  outros  porque  muita  gente pensa que se uma coisa foi feita  num  pais  de  uma  maneira  e noutro  pais  de outra maneira, todos aqueles que vierem depois terao de fazer como eles. E porque  estao  a seguir, nao estao a definir os seus proprios camihnos e nesse processo inventar uma identidade, nao estao  a copiar.  Nao  e  facil  pensar que nos tambem inventamos o nosso caminho, mesmo  que  o  nosso  caminho tenha semelhancas com o chines comecamos a guerra no mato. Mas e preciso aceitar que nos temos a nossa propria  personalidade  e  que somos capazes de inventar um caminho proprio. Se nos fizemos  a  guerra  no mato,  ha muita diferenca entre a maneira de fazer as coisas em Mocambique e a maneira de fazer as  coisas na China, mesmo durante o processo da guerra revolucionaria. Agora  e preciso, como ja temos muitos anos de recuo, podemos agora olhar a hist¢ria com certa  distancia cao.  E  preciso perguntar mas qual e essa liga‡ao entre o comecar a guerra no mato e essa enfase  no  sector familiar e nos pequenos projectos e as aldeias comunais. Nos  devemos  dizer  assim:  "realmente  estamos a  caminhar  caminhos  novos."  Em  Mocambique  nunca ninguem  fez  revolu‡ao  e  muito menos socialismo, somos nos que estqmos a fazer.  O  socialismo  e  uma coisa que existe desde 1917, e verdade, mas aqui em Mocambique nao existe. Qual e a coloracao? e mais encarnado? Um pouco mais rosa, ninguem sabe. Estamos a dar a cora agora.  Se e  mais  quadrado, se e mais circular ah, ninguem sabe, nos estamos a dar forma; se e  mais  achatado,  mais curvilineo mais rectilineo nos estamos a dar a forma agora. Nao ha mais ninguem que possa vir dizer o  que realmente  deve  ser  esta  revolu‡ao  que fazemos! O caracter Mocambicano  do  socialismo  so  nos  e  que podemos dizer um retrato nosso, com cara nossa. O  que faz encontrar estes caminhos? Quando estamos a avancar para objectivos novos nao se  sabe  muitas vezes  qual  e o caminho mais curto. Mas o importante e assegurar a tendencia fundamental,  a  essencia  da revolucao. Se tem realmente revolucao, nao ha problema. Podemos ir assim, seros puxados para a  esquerda mas  depois volta ao moviemnto; pode ser puxado para a direita mas volta para o ponto inicial. Basta que  a  ð73 Šessencia  esteja  la. Quanto maior for a essencia entao o pendulo e menor, quer dizer os  esforcos  negativos sao menores, quanto mais forte for a qualidade da revolucao. Se nos fomos para o mato fazer a nossa guerra e porque ali era realmente a base a plataforma em que nos nos sentiamos a vontade. As  bases  para  a consolida‡ao da revolu‡ao socialista no nosso pais: levar  ao  desenvolvimento  do  sector familiar  para  as formas cada vez mais colectivas quer dizer, para as formas associativas, de  defesa  mutua, para  as cooperativas ate nao sei em que ano teremos isso em formas de empresas estatais,  forma  socialista superior de organiza‡ao socialista do trabalho. Portanto,  estes  factos que estao acontecendo no nosso pais provam a forca da nossa revolu‡ao  e  porque  e revolu‡ao  somos  capazes de reencontrar de reiventar sempre o caminho popular. E preciso  saber  pagar  o preco  das  falhas  e das insuficiencias. Bem, assumamos esse responsabilidade, nao e  porque  fizemos  um erro ontem, vamos com ele ate acabar. Nos ja passamos esses periodos, esses pensamentos, essa maneira de fazer a nossa vida. Nao e porque pecamos ontem temos que pecar amanha, temos que carregar a cruz, oh,  o que  e  isso.  Sabemos  olhar para aquilo que fizemos, aquilo que nos  fomos  e  reconhecemos  iso.  Vamos reconhecer  la  reconhecer  isso  e  corrigir  isso e avancar. Sabemos  que  mesmo  o  caminho  correcto  que queremos  construir  hoje contem certamente uma margem de insuficiencias. Bom e depois?  Estamos  con sciente do que devemos esperar nao e ser perfeito hoje, mas sim simplesmente ser capaz de fazer o trabalho e se erramos reconhecermos o nosso erro e corrigirmos e mais nada. Progressivamente criar os mecanismos para diminuir as margens de erro. De  modo que o trabalho que estamos fazendo agora para liquidar o Bandido Armado e preciso organizar  o campones  disperso  como ponto fundamental para colmatar todas as brechas por onde o  Bandido  Armado pode  passar.  E  isso diz bem com as exigencias do crescimento da base material do  socialismo.  E  preciso desenvolver  e  entao quando a gente vai organizar o campones e preciso melhorar a sua  organizacao,  mais um  pouco  de  ciencia, mais um pouco de tecnica. E isto que nos faz acreditar que  esta  nossa  analise  esta correcta porque tudo da em revolucao. E que ao fazermos mais trabalho para desenvolver mais roupa,  mais comida estamos a fechar qualquer brecha de qualquer ac‡ao do imperialismo. Agora  e  o  Bandido  Armado.  O colonialismo ja morreu nos vamos liquidar  o  Bandido  Armado.  Isso  e evidente.  Mas  seria  por  isso que nao haveria mais agressao contra o nosso  pais?  Ah,  e  mentira!  Ha-de haver outras formas, cabe a nos preve-las. Fomos  ao  Nkomati  e agora querem-nos destruir na base economica. Entao  aparecem  os  Bulhosas,  esse bandido  armado  do  Evo Fernandes ja fala em termos de... Agora os proprios Sul  Africanos  dizem  que  o Evo  Fernandes  e portugues, etc. Para eles como assinamos o Accordo de Nkomati a logica  do  Nkomati  e devolver  as propriedades que nos temos. Nos fizemos a guerra precisamente para acabar com a  explora‡ao do  homem  pelo  homem.  E aquilo que pegamos, pegamos. Se quiserem  que  venham  buscar  com  armas tambem.  E o que eles estao a fazer. Nos vamos liquidar os Bandidos Armados mas nao vai acabar a  agres sao  imperialista,  hao  de  encontrar  outras formas. Mas isso, digamos, e  a  vida  da  revolucao:  enfrentar, defender-se contra todas as agressoes imperialistas. Hoje o mundo socialista e muito forte do que era antes, nao  pararam  as  agressoes.  Novas  vitorias tivemos: vitoria de Cuba,  tivemos  a  vitoria  aqui  de  Angola, tivemos  a  vitoria  do Vietnam, tivemos a vitoria da Nicaragua, hao-de vir outras  victorias  e  havemos  de caminhar para sucessos cada vez maiores. Mas  nesta revolu‡ao e preciso compreender estes factos que estao acontecendo aqui na  Republica  Popular de  Mocambique.  Nos sentimos que sim, esta revolu‡ao e revolucao. Nos estamos  engajados  vamos  fazer esta revolucao: organiza‡ao politica e militar do povo do Rovuma ao Maputo. Temos grandes problemas de armas  e  uniformes, de botas mas por isso eu disse a voces: estamos nesta realidade qual e o papel  de  cada um  de  nos.  Trabalhamos  juntos durante a guerra. Paises como a Holanda. Este Pais  foi  o  primeiro  com quem  a  FRELIMO  assinou  um  acordo.  Paises que afirmaram,  durante  a  guerra,  posi‡ao  clara  face  a FRELIMO foram: A Holanda e todos os paises nordicos. Era a Suecia, a Finlandia, a Dinamarca, a Noruega e a Islandia. Noutros paises europeus nos tinhamos as nossas bases. Eles toleravam-nos, outros  barravam- nos. O governo Ingles foi muito complicado mas os outros governos enfim, como o Italiano fizeram as suas guerras  internas  mas nao reconheram a FRELIMO. O Brasil nao reconheceu a  FRELIMO.  Voces  devem  ð73 Šestar  recordados  desses  paises  todos  nao  vieram a  independencia  da  FRELIMO.  Mas  com  os  estado Mocambicano  vamos  estabelecer relacoes entao voces viram as festas do Estado  Mocambicano.  O  unico que  conseguiu furar isto foi o ingles. Estes conseguiram vir a independencia porque eles  utilizaram  alguns dos nossos amigos. Madame Judy Hart. Ela veio falar connosco nas vesperas da independencia. O  camara da  Presidente  Samora  riu-se,  riu-se e disse: "Venha la entregar no dia 25  de  Junho."  Foram  os  unicos desses paises que nunca reconheceram-nos durante a guerra que conseguiu furar. Portanto,  companheiros  e  este o trabalho contra os Bandidos Armados. Temos  que  continuar  com  esses trabalhos  insistir:  mobilizacao, mobilizacao, mobilizacao. Voces viram, as pessoas tinham  muito  medoda guerra, insistimos. Agora esta a morrer o misterio. A guerra nao e uma coisa facil, nao e? De  modo  que temos qinda que continuar com a mobiliza‡ao do povo. Por isso se voces  perguntassem:  "o que agente deve fazer?" Eu diria: - Dem-me armas, uniformes e botas - palavra se voces me perguntarem - O que prefere comida ou  botas? Eu responderia - Quero botas. Agora quais sao as vossas perguntas companheiros? Ha  todo  o  pormenor do desenvolvimento da luta contra os Bandidos Armados aqui em  Sofala.  Tinha  de descrever  todo  o  processo do combate para a reabertura da linha. Ha todos  esses  pormenores  que  voces terao que aproveitar as diversas entrevistas que os comandantes dao a informacao. Facam favor quais sao as vossas perguntas? P. - O Senhor dos Santos disse que preferia botas...(inaudivel o resto da pergunta) R. - Mas por enquanto ainda ha pessoas para fazer a guerra... P. - continua‡ao da replica (inaudivel) R. - Que todas as coisas sao melhores, sao o ideal mas nos dizemos que e preciso fazer opcao, prioridade: e Chibabava,  e Gorongosa, Maringue. Retirar parte da comida da Beira para mandar para ali e  preciso  fazer opcoes  companheiros.  Se  eu tenho comida vou dar ao soldado os outros ficam para depois,  e  preciso  ter corajam  ao dar-se as opcoes. Naturalmente que se temos tudo, se temos todos os meios tanto melhor,  se  e preciso fazer opcoes: da botas e uniformes. Agora se voces me disser assim: -se voce quer dois milhoes  de unifores e um milhao em comida. Ah, isso esta bem, eu concordo. Mas so voce diz tenho 50 mil  uniformes ou dou-lhe... nao, nao. Eu quero os 50 mil, nao preciso de reconverter. P. - O que eu quiz dizer e que tqmbem tem de se garantir a alimentacao...(inaudivel) R. - Sim. O que voce diz e teoricamente muito bonito. P. - Sim. Eu penso que a posi‡ao do senhor Dirigente foi se desse alternativa a FRELIMO...(inaudivel) R.  -  O  que  ele  diz e correcto. Mas nao ve, entao se ele nao ve qual e  problema?  Vamos  tentar  matar  a duvida,  se  ele continuar a nao ver o que eu vou fazer? Ele pergunta se ha, eu digo que ha. Ele diz  que  nao ve. Vamos la mostrar. Nos  durante a guerra tivemos paises como os nordicos que nos diziam: "Nos nao podemos dar armas."  Mas companheiros vamos la ser francos toda a comida quenos davam nao teria valido para nada, seria zero. Quando nos temos uma tarefa principal e preciso saber o que e principal; e preciso definir o que e principal. O  que  vale  ter machamba, produzirmos muita coisa se o Bandido Armado entra  e  leva.  Terceiro,  nestas coisas  e preciso sentir o processo quotidiano da vida e preciso viver esse quotidiano para sentir e  entao  na realidade  concreta sentir essa medida. Eu estive a dizer aqui: olha, nos estamos neste processo, vamos  agir  ð73 Šsobre  o  sector familiar para organizar com o objectivo politico, claro para ele desenvolver  mais.  Mas  pra irmos  desenvolver  esse trabalho foi necessario dirigir o que e principal e entao agir sobre o  principal  para poder  fazer  tambem  o  secundario reviver, como o secundario da produ‡ao  de  uma  machamba,  de  uma serra‡ao havia de viver se nos nao fossemos fazer o trabalho da guerra para reabrir a linha aqui. De  modo que levar os barcos de pesca para fazer a guerra numa decisao de fundo tomada pelo Governo  da Provincia  de Sofala era uma posi‡ao correctissima. Ela esta conscientemente tomada e as suas  implicacoes todas  estao  conscientemente medidas e isso porque? Porque e que eu digo assim? E porque e  preciso  que voce estivesse nesse quotidiano para poder realmente sentir e viver certas coisas que parecem ser impercep tiveis.  E se eu nao lhe dou uma resposta categorica voce vai continuar a transportar a sua duvida la  fora.  E por  isso  que  eu  estou a dar uma resposta categorica firme, esta a  perceber  psicologicamente  a  razao  da minha  ac‡ao  e para agir sobre essas margens que pela reflexao voce nao foi capaz de liquidar e  como  nao esta  a viver as coisas nao pode matar a duvida. Agora com a violencia da minha affirma‡ao voce vai  sentir as  margens de duvidas que ainda persistem em si e a maneira de ser de estar que e sua. Voce  tem  algumas duvidas.  Como voce nao vive a ac‡ao ela propria, voce tem dificuldade de manter a ac‡ao ela  propria.  Por um lado reflexao propria, entao eu tenho de entrar com a violencia da minha palavra para fazer o tal esforco compensador para voce ter o equilibrio correcto sobre a realidade que se esta a passar. Portanto ha uma clareza sobre a ac‡ao que deve ser levada a cabo sob o ponto de vista militar e sob o ponto de  vista economico. Alias, a discussao sobre esses problemas sejam sentidos de uma maneira popular.  Nos levamos  meses  e  meses  para explicar o problema da guerra o que significava  a  prioridade.  Porque  uma coisa  era  prioritaria  em  rela‡ao  a outra? E depois do trabalho de meses de explica‡ao  a  nivel  de  toda  a Provincia  so  em  Fevereiro  e  Marco  deste ano que levamos  ao  Comite  Provincial  em  seguida,  para  a Assembleia  Provincial  para  fazer passar sobre uma forma de decisao. Fazer  trabalho  politico  explicativo durante  mais  de  seis meses para depois para depois passar sob forma de orienta‡ao  e  de  lei  fimalmente. Estao  a  compreender?  Temos que convidar todo o povo para ficar ai em todas as  linhas  de  Alta  Tensao, garantir-nos isso para fazer face aos cortes. Ponham as vossas perguntas camaradas!... P.  -  A  agricultura  e a nossa base de desenvolvimento mas qual e a base do ensino que  estamos  a  dar  as nossas  criancas.  Vejo  que  a disciplina de educa‡ao politica comecou a  desaparecer  em  1980.  Em  1981 ainda  existia  nas escolas secundarias, em 1982 desapareceu e nunca mais... Eu penso que era  um  trabalho importante para a forma‡ao do homem novo. Alem disso, vejo que o tipo de forma‡ao que estamos a dar e para o aluo que vive nas cidades e nao ha nada de  agricultura  que  e a base do desenvolvimento do pais. Acho que e muito bom  que  criemos  nas  nossas criancas a ideia de que o campo e a base do nosso desenvolvimento mas estamos a formar com base na vida da  cidade.  Para  eles  a  vida do campones e a de um cidadao de segunda categoria.  Eu  nao  sei.  O  Novo Sistema (de educacao) ainda nao esta a encarrar bem este problema. E isso acontece em todos os paises  em vias  de  desenvolvimento  que so criam funcionarios publicos, homens que nao  querem  trabalhar  com  as suas  maos.  Eu  vejo que aqui em Mocambique esta a acontecer a mesma coisa apesar de  o  Partido  querer fazer outra coisa. R.  - Nao, eu acho que voce tem toda a razao em muitas coisas que esta a dizer mas e preciso  corrigir  isso. E  preciso sermos capazes de recassar muitas insuficiencias que ainda recebemos, ainda nao  estamos  livres disso.  Por exemplo nesta fase que nos queremos o desenvolvimento da coopera‡ao com muitos paises  que fazer  grande  esforco  para  so apoiar o sector privado, a revitaliza‡ao do sector  privado.  E  claro  que  nos entendemos  a  inten‡ao  mas temos que levar isso como exemplo simplesmente para sentir  que  ainda  nao estamos completamente ao abrigo das influencias estrangeiras. Por exemplo, em Maputo eu conheco elementos de embaizadas que foram a procura de pequenas  empresas para  revitalizar as empresas privadas e, quando a gente fala de cooperativa nao se preocupam com isso.  De modo  que  essas  influencias  agem na economia e nos ainda temos muitas  insuficiencias  neste  campo  de educacao,  para levar a educa‡ao realmente a ser aquilo que aueremos que sejq o reflexo, o espelho  daquilo que nos queremos que seja o estado como nosso.  ð73 ŠPortanto  essa sua observa‡ao eu acho que e correcta mqs o que nos devemos realmente fazer o esforco  que estao  a fazer. E preciso dizer vamos la para o campo como diz o Sam Munguana. Quando  dizemos  vamos para  os  distritos,  este  e o sentido da Opera‡ao Producao; este tambem e  o  sentido  quando  nos  dizemos vamos la eliminar o que ha de improdutivo no seio do aparelho de Estado e nas empresas, nao e? Agora  na medida  em que nos formos capazes de ir para o campo seremos capazes de introduzir na  propria  educa‡ao algum  elemento  importante sobre as zonas rurais para fazer sentir que este trabalho e correcto e  os  passos que estao sendo dados visam eliminar as insuficiencias. P.  -  Muitos grupos de solidariedade para com Mocambique tinham certas dificuldades de  compreender  o Acordo  de  Nkomati.  Passado  algum  tempo esta  incompreensao  pasou  porque  compreendeu-se  que  o Acordo  de  Nkomati  era  necessario  para concretizar a paz acabando com o  apoio  da  Africa  do  Sul  aos Bandidos  Armados, etc. Isso foi bem compreendido. Mas a seguir esse objectivo de acabar com  os  bandi dos  vieram  os assuntos de coopera‡ao economica com a Africa do Sul que foi para mim o  elemento  mais dificil de compreender que Mocambique deva cooperar com a Africa do Sul em todos os dominios  econo micos, nesta altura em que uma grande parte do mundo esta engajada a fazer o boicote internacional  contra a Africa do Sul para acabar com o Apartheid estamos a ver a coopera‡ao economica a se desenvolver com a Africa do Sul. Criam-se empresas mistas. Os agricultores Sul Africanos vao ter terras em Mocambique,  eu nao compreendo tudo isso, podia tentar explicar-me? R.  -  Quer dizer, aqui nos tambem temos que saber considerar o que e fundamental e vermos aquilo  que  e secundario.  Mas  para  compreender  melhor esta situa‡ao e preciso ver o que foi a  nossa  realidade  face  a Rodesia  do  Sul. Quando nos instauramos o Boicote, quando fechamos a fonteira nos sabiamos  que  iamos suportar  dificuldades.  Para  vossa informa‡ao os tres primeiros anos as  perdas  sofridas  por  Mocambique eram duzentos e vinte milhoes de dolares no primeiro ano; cento e setenta milhoes de dolares no segundo  e cento  e  setenta  milhoes  de dolares no terceiro ano. Estas avaliacoes  foram  feitas  pela  Organiza‡ao  das Nacoes  Unidas.  E nesta base, nos tres anos seriam quinhentos e sessenta milhoes de dolares  que  Mocam bique  perdera. Nessa base foi apresentada a solicita‡ao aos estados membros para apoiar Mocambique  por este  boicote para Mocambique poder enfrentar as dificuldades enfrentadas na implementa‡ao da  resolu‡ao do Conselho de Seguranca das Nacoes Unidas tomada em 1968. Qual foi a resposta da comunidade internacional a isso? O  que  posso dizer e que o totql desses tres anos nos recebemos mais do que setenta a noventa  milhoes  de dolares.  A  Republica Popular de Mocambique suportout o peso do boicote das Nacoes Unidas  a  Rodesia. Nos  fizemos  e era preciso saber aguentar, mas seria correcto e sobretudo possivel que a  Republica  Poplar de  Mocambique sofra todos os pesos dos boicotes a Africa do Sul? Qual o papel que a comunidade  inter nacional  desempenhou  para permitir a Mocambique de suportar o peso do boicote e mesmo  voces  sabem que  todas  as  infra-estruturas portuarias e ferroviarias existentes em  Maputo  foram  confeccionadas  para servir a Africa do Sul e para servir um pouco a Rodesia. Qual e a contribui‡ao da comunidade internacional para  permitir  a  Mocambique  fazer face. Voces veem os nossos soldados  so  para  combater  os  bandidos armados onde estao os uniformes, onde estao as botas? De  modo que e preciso saber o que e util fazer para triunfar a revolucao. E claro fazer actos heroicos  gran diosos  mas a revolu‡ao destruida, e preciso saber como se defende uma revolucao, quais sao  os  caminhos que se devem percorrer para a defesa da revolucao? Voces  viram  os  Estados  Unidos intervieram em Granada. Quem e que levantou  o  dedo?  Muitos  paises falaram mas quem e que foi dizer aos Estados Unidos "-olha, sai dai!" Quem foi? Eu pergunto. Todos nos vimos  o  descer  da economia nacional de Mocambique e a Africa do Sul a cessar  de  passar  pelos  nossos portos.  O  nivel de trabalhadores que ia para a Africa do Sul reduziu drasticamente pela  propria  Africa  do Sul. Nos nossos projectos tinhamos a nossa maneira de fazer reduzir os nossos trabalhadores. Dentro  deste  contexto  quen veio dizer Mocambique esta aqui, vamos avancar em  conjunto  para  o  nosso desenvolvimento.  De  modo  que  e  preciso dar resposta a  estes  problemas  para  podermos  compreender porque  e que nos temos que fazer isto. Estas infra-estruturas viviam de turismo. Quem fazia turismo  aqui? Eram  os  sul  africanos  que  faziam  turismo em Mocambique. Turismo para  o  alto  mar,  turismo  para  o "camping." Quem e que ia para a Santa Carolina? Quem e que ia para Pomene? O nosso ponto e este. Tivemos o fecho das fronteiras com a Rodesia quem veio realmente. Nos dissemos as  0ý;3 ŠNacoes  Unidas. Organizamo-nos para receber o apoio. Nos dissemos mais comida. Queremos  mais  apoio para  a realiza‡ao dos nossos projectos. Quem e que veio dar? So vieram quando nos formamos a  SADCC, quando viram que o envolvimento da coopera‡ao aqui entao vieram. De modo que estamos aqui. Quem  foi dizer  aos soldados sul africanos vao se embora porque senao mando os meus soldados para correr  convos co.  Estao  ainda ali os soldados sul Africanos em Angola. Quais os paises que deram armas  e  mais  armas aos Angolanos. Onde que estao esses paises? Eu so onheco a Uniao Sovietica. Mas quando Cuba e a Uniao Sovietica  vao,  comecam  logo a gritar. De modo que e preciso saber as coisas. Caminhos  de  ferro.  Quem utiliza  os  caminhos  de ferro? Se a Africa do Sul nao os utilizar? Nos estamos a  fazer  guerra  para  fazer passar o tabaco do Zimbabwe por aqui e nao pela Africa do Sul. De  modo que e preciso saber que para fazer uma revolucao, so e uma revolu‡ao quando sabe  defender-se, quando  sabe  manter-se de pe. Ter ideias belissimas que o Chile tinha, o Chile de  Allende  tinha  tambem. Mas falhamos ali tambem, temos de ser vigilantes. A revolu‡ao espanhola tambem ficou. Nos  queremos  ser herois de preferencia vivos. Depois de uns anos vao fazer uma campa e  dizer:  "morreu aquele, fez aquilo." Fazer uma revolu‡ao nao e uma coisa linear. Eu compreendo que seja dificil compreender. Bom, mas isso tambem resulta da nossa capacidade (mocam bicana) de explicar; mas tambem resulta da capacidade de vivencia que se possa ter desses fenomenos.  Nos dissemos  aqui, no primeiro encontro, que era muito dificil ao mundo compreender a realidade daquilo  que se  estava  passando nos anos 1962, 1963, 1964, porque aquela gente que falava la fora gritava  muito  e  os jornais  publicavam e as pessoas acreditavam no mundo e porque? Porque nos explicavamos o  que  estava vivendo  em Mocambique. Foi necessario falar duas vezes, tres vezes, pouco a pouco para as  pessoas  irem compreendendo.  Quando  nos falavamos de Zonas Libertadas, este conceito foi uma  coisa  completamente nova  foi  necessario  explicar. Como aceitar que um povo como o Mocambicano era  capaz  de  criar  novo estado  na  guerra contra os colonialistas portugueses tanto mais que essa concep‡ao embatia  contra  aquilo que era a concep‡ao que reinava em muitas europas sobre a capacidade do homem africano. Deixar nos povos da Europa que sim estava-se em 1965, 1966, 1967, 1968 a construir um estado novo  nas Zonas  Libertadas  era  aceitar  uma certa capacidade dos africanos o que nao era  facil  permitir  que  certos circulos  que  nas europas aceitassem quer dizer, que iam contra certos esquemas  construidos  sobre  aquilo aue  e valido e aue nao e valido aceitar por parte de africano. Nos temos uma possibilidade e capacidade  de explicar  que  os  outros ja compreenderam; por isso eu qceito muito bem que os camaradas  digam  que  eu nao compreendo. Nos fazemos o esforco de explicar e metemos esses factos sobre a realidade. Qual a parti cipa‡ao  da comunidade internacional neste esforco contra o apartheid. E porque querer exigir  de  Mocam bique  a  forma  ideal do esforco contra o apartheid quando aqueles que tem a capacidade de o  fazer  nao  o fazem? O  nosso dever enquanto mocambicanos nao e agir simplesmente porque isso seria agradavel que  o  mundo viria  em  nos,  a  nossa responsabilidade e assegurar a defesa da revolu‡ao e de ac‡ao  para  que  a  base  de Mocambique  permaneca  base do socialismo na Africa Austral. Esse e aue e o nosso dever historico.  E  isso que  nos estamos a fazer, vamo-nos exprimindo, vamos explicando e esperamos que as coisas se vao  clari ficando pouco a pouco. Mas eu estava a dizer simplesmente que visualmente ha certos aspectos da realidade de um fenomeno que e preciso vive-lo para termos a sensibilidade, nao e facil mas podemos compreender todos os fenomenos que acontecem  em  toda  e qualquer lugar da terra. Temos experiencias diferentes, temos  pontos  de  referencia diferentes.  Bom.  Em certos momentos eu acho que e correcto dizer-se assim: "olha, nos fizemos isso,  e  e isso  que voces devem fazer. Mais tarde virao a compreender, actualmente nao e facil  porque  naturalmente os  nossos  inimigos tambem tem uma cabeca, tambem pensam, tem informa‡ao mas essa e  a  realidade  de Mocambique. Estes caminhos de ferro, tudo isso vivia para satisfazer, nao foi desenvolvimento natural  que construir  estes  portos  e linhas ferreas mas foram realidades criadas aqui, e nos nao  vamos  deitar  fora  os caminhos de ferro e os portos. Daqui a alguns anos vao satisfazer as nossas realidades. Tambem nao  vamos deitar  fora  as  cidades,  temos que faze-las viver assim memso utilizando o soalho  para  fazer  lenha  para cozinhar, mas paciencia um dia vamos concertar as casas, nao e dificil. ð73 Š Nos dizemos facam esforcos penetrem na nossa realidade para melhor a sentirem para poderem  aperceber- se das transformacoes mesmo que elas sejam minimas; e preciso aprofundarem a vossa inser‡ao nesta reali dade de Mocambique para uma maior sensibilidade. Vamos dizer no entanto que os melhores soldados  que nos  tivemos foram aqueles que se formaram na Argelia e nao foram nem aqueles que foram formados  nem na  Uniao  Sovietica,  nem na China. Porque? Porque as realidades da Argelia e  de  Mocambique  estavam mais proximas sob o ponto de vista fisico material e do ponto de vista cultural. Saber como trabalhar com o homem mocambicano foi muito mais facil para a Argelia do que para o Chines por causa da sensibilidade, por causa da vivencia de certos fenomenos de certas realidades. Em  cada lugar ha aqueles que nos representam e voces devem continuar a aceitar que auem vos  representa somos  nos,  Partido FRELIMO. A vossa bandeira aqui somos nos. Assumir esta realidade e  dificil.  Nos  e que  somos a vossa boca, esta e a maneira de ser da revolucao. E preciso ganhar a dimensao que  exprime  a vossa  e a nossa realidade. Aquilo que vao dizer la fora e aquilo que nos dissemos se nao vamos ter  sempre discussao  disto  da vossa parte nao pode haver isso. Se nao compreendem paciencia facam o  favor,  digam mas  repitam  o  que  nos  dissemos. Isto para falarmos como militantea que  estqmos  a  fazer  a  revolucao. Correcto companheiros! E todos juntos e caso concertarmos as nossas accoes, os nossos pensamentos entao o nosso trabalho vai  ser mais  organizado, mais facil e menos arduo. E preciso concertar os nossos pensamentos e as nossas  accoes. E  preciso fazer a revolu‡ao companheiros! E preciso passar por estradas tortuosas, duras mas  vamos  pas sar,  vamos  faze-la. Nos vamos forjar-nos neste combate. Estas dificuldades vao forjar-nos.  Quando  nos sairmos  delas  ah, sim. Sairemos como aco puro. Mas e preciso aceitarmos passar por isto  tudo;  e  preciso engajarmo-nos a fundo neste combate. Agora para falar sobre a minha parte sobre isto nao e facil compan heiros.  Eu  penso que se formos trabalhando juntos voces hao-de pouco a pouco ir conhecendo  um  pouco melhor. Aquilo  que eu fiz foi o que tantos outros fizeram e se tantos outros nao tivessem feito, nao era por isso  que eu teria feito esta revolucao. Aquilo que eu fiz foi fazer como muitos outros que disseram olha:  Revolucao, Patria,  Nacao. E isso que nos anima; e isso que nos identifica. Antes do partido, antes da revolu‡ao nao  ha nada.  Nem  familia, nem amigos. E isso que eu fiz, muitos outros o fizeram e alguns  sacrificaram  as  suas vidas  mas  outros estao connosco. Aquilo que eu fiz foi tudo aquilo que eu sabia, tudo aquilo que  eu  pude aprender,  tudo  aquilo  que  era  conhecimento meu. Cada um da a sua  parte  pessoal  na  constru‡ao  desta revolu‡ao foi o que eu fiz e que tantos outros fizeram. De  modo  que perguntem tambem ao professor Braganca que estava connosco nesta marcha toda  de  1962, 1963, 1964, 1965, etc., de modo que e dificil. Uma vez perguntaram ao amigo Picasso por que ele nao era comunista? Ele disse: "Eu tenho o comunismo como  quem  vai a fonte, eu fui ao comunismo como quem vai a fonte." Aquilo que eu fiz, bom,  era  aquilo que  era preciso fazer. Fazer para todo o cidadao mocambicano era uma coisa natural. Mas por mais que  eu quiser  fazer  imagens  dessas para explicar aquilo que fiz, para saber a vida historica de  tudo  isto  e  talvez fazer de tempos a tempos. Comecar do principio e chegar ao fim nao sei se vai dar. O que eu fiz foi o que muitos outros mocambicanos fizeram. De modo que eu compreendo a vossa  preocu pa‡ao  mas  estou  certo  de  que voces saberao compreender porque e dificil  falar  de  outra  maneira.  Mas contando  uma hist¢ria hoje, contando uma hist¢ria amanha, entaao pouco a pouco os diversos  pedacosvao ser montados. Peco  desculpa  por ter dificuldade de falar de mim como voces gostaria. Mas como ainda nos  temos  ainda muito tempo e temos de continuar o combate contra os Bandidos Armados; como temos que continuar  esse combate pela revolu‡ao ainda teremos muito tempo para estermos juntos e conversamos. Correcto compan heiros! Muito obrigado. A Luta Continua!